Com lucro de R$ 20,5 bilhões, JBS fez o melhor ano da história em 2021

Receita líquida da companhia alcançou o patamar de R$ 350 bilhões

Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Depois de distribuir mais de R$ 7 bilhões em dividendos e investir US$ 2,1 bilhões (R$ 11 bilhões) em aquisições, a JBS divulgou há pouco seus resultados consolidados de 2021, que confirmaram que o ano foi o melhor da história da companhia em várias métricas — desde o crescimento, com faturamento e Ebitda recorde, até a remuneração aos acionistas, que conseguiram um retorno superior a 70%.

Puxada pela forte demanda pela carne bovina dos Estados Unidos – nos mercados doméstico e internacional –, a JBS reportou um lucro líquido de R$ 20,5 bilhões em 2021, mais que o triplo que no ano anterior (R$ 4,6 bilhões). Sozinho, o resultado do quarto trimestre já foi superior ao acumulado de 2020. De outubro a dezembro, a JBS lucrou R$ 6,4 bilhões, aumento de 61%.

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Segunda maior empresa não financeira do país, atrás da Petrobras, a JBS atingiu a marca de R$ 350 bilhões em receita líquida no ano passado, crescimento 29,8%. No quarto trimestre, a receita aumentou 27,8% e somou R$ 97,2 bilhões. Grande parte da receita é gerada nos EUA.

Graças ao excepcional momento nas operações no exterior – especialmente nos EUA —, a pressão de custos que prejudicou os negócios no mercado brasileiro (Seara, sobretudo) não foi capaz de derrubar o resultado da JBS. No ano, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado aumentou 54,5%, para R$ 45,6 bilhões.

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Com isso, a margem Ebitda ajustada subiu 2,1 pontos, para 13% em 2021. No quarto trimestre, o Ebitda ajustado chegou a R$ 13,1 bilhões, incremento de 86,9%. Assim, a margem subiu 4,3 pontos, para 13,5%. Em entrevista ao Valor, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, comemorou a capacidade que a JBS teve em 2021, aliando investimentos bilionários em aquisições e expansões orgânicas – foram mais de R$ 20 bilhões no ano passado – com um retorno ao acionista.

“A JBS é a melhor opção no mercado. Não só pelo que entrega no curto prazo, mas pelo potencial que ainda tem”.

Com dividendos de R$ 7,4 bilhões, a JBS fez um “dividend yield” de 8,2% em 2021, afirmou Guilherme Cavalcanti, CFO da companhia. Acrescentando a recompra de ações (R$ 10,6 bilhões), o yield total chega a 20%. Quando se soma a valorização das ações da JBS na bolsa (o papel subiu 60,4% no ano passado, contra uma queda de 11,9% do Ibovespa) e o retorno ao acionista na forma de dividendos, o retorno total ao acionista da JBS atingiu 73,4%, disse Cavalcanti.

Além disso, os investimentos que a JBS vem fazendo estão remunerando bem o capital dos acionistas. Em 2021, a métrica de retorno sobre capital investido (ROIC, na sigla em inglês) atingiu 24,1%, acima dos 20,4% de 2020. Essa métrica vem em evolução pelo menos desde 2018, quando foi de 11,6%. “Nosso custo médio de capital é de 7,5%. Isso mostra a criação de valor da JBS”, acrescentou.

No ano passado, a estrutura de capital da JBS também melhorou, o que ajudou a companhia a conquistar o grau de investimento — reduzindo o custo das dívidas. Em dezembro, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) em dólar estava em 1,46 vez, o menor da história.

Em setembro, o indicador marcava 1,49 vez. Com as emissões de dívidas mais baratas — o grupo emitiu US$ 1,5 bilhão em notes em janeiro —, a JBS alongou o prazo médio de vencimento de 5,9 anos em 2020 para 8,1 anos. O custo médio da dívida caiu para 4,3% ao ano.

“Nossa capacidade de cobrir o serviço da dívida ficou mais forte”, destacou Cavalcanti. A relação entre o Ebitda e as despesas financeiras da JBS subiu de 7,8 vezes para 11,6 vezes. “O que gera de fluxo de caixa livre é maior que qualquer amortização anual de dívida. O risco de refinanciamento é zero”, reforçou o executivo. No ano passado, a geração de caixa livre totalizou R$ 11,9 bilhões.

Para 2022, a JBS mantém a expectativa positiva. Nos Estados Unidos, a demanda por carne segue firme, com a Ásia comprando cada vez mais. A margem do negócio de carne bovina nos EUA não deve ser tão alta como foi nos últimos dois anos (um ponto fora da curva), mas é possível dizer que ela é estruturalmente mais alta que na década passada.

Na leitura de Tomazoni, mesmo uma oferta ligeiramente menor de gado nos EUA, as margens devem ficar em “um dígito alto”. No passado, os frigoríficos dos Estados Unidos comemoravam quando tinham margens de 6%.

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