Campos Neto pede um mês de convivência com sucessor no Banco Central

Presidente do BC defendeu ter um nome definido para a sua vaga um tempo antes do recesso do Congresso

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, em entrevista à Globonews, que não seria uma boa situação não ter um sucessor para a sua vaga até 31 de dezembro.

Ele defendeu que um mês de convivência com o futuro presidente da autoridade monetária, a ser indicado pelo governo Lula, seria um bom período e que está comprometido a fazer a passagem da função da forma mais suave possível.

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Defendeu também que é importante ter um nome definido para a sua vaga um tempo antes do recesso do Congresso, por isso seria positivo ter um candidato à vaga entre setembro e outubro.

Ele voltou a dizer que quem assume o comando do BC tem que vestir camisa da autoridade monetária e entender que há meta a cumprir, tanto na perseguição da meta de inflação quanto de estabilidade financeira.

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Decisões do Copom

Também na entrevista, além do sucessor, Roberto Campos Neto afirmou que não dá para dizer que mudança no cenário externo vai afetar decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio.

“Hoje, o cenário não mudou substancialmente”, disse, lembrando que não é o BC quem determina a meta de inflação, mas que a autoridade monetária usa os juros para alcançar essa meta que é definida pelo governo.

Campos Neto esclareceu que havia uma visão de que o cenário para o corte de juros no país não havia mudando substancialmente, ao justificar a mudança de sinalização do Copom sobre a avaliação do ritmo de cortes de juros – em vez de apontar cortes em duas reuniões, passou-se a considerar apenas uma reunião.

Ele disse que não existe relação mecânica entre o cenário dos juros norte-americanos e o brasileiro.

O presidente do BC pontuou que, no caso do juro norte-americano ficar mais alto por mais tempo, acabará captando a liquidez por mais tempo, deixando menos espaço para o mundo emergente.

Por isso, em termos de fluxo financeiro mundial e de corte nos Estados Unidos, as perspectivas mudaram.

Ele voltou a comentar os dados de inflação do Brasil e Estados Unidos.

“Tivemos notícia boa no IPCA e uma notícia ruim no cenário externo”, disse, referindo-se, na questão externa, ao índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos de março, divulgado mais cedo.

Relação com Lula

O dirigente indicou ainda que, de sua parte, a relação com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está ótima. “Estou à disposição a conversar sempre, seja em churrasco, almoço ou jantar”, disse.

Ele também comentou que está disposto a conversar para explicar detalhes técnicos sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da autonomia financeira e disse que também se equivoca em alguns casos.

Campos Neto afirmou que não é verdade que os servidores do BC estão contra a PEC. “Estamos nos esforçando por uma coisa, junto com a diretoria, por um Banco Central melhor lá na frente”, disse ao lembrar que a modernização administrativa passaria a valer só em 2025, quando ele não estaria mais na presidência do BC.

Também frisou que os diretores que foram indicados pelo governo atual trabalharam pela PEC da autonomia financeira. Esse e outros temas serão discutidos com o senador Davi Alcolumbre (União-AP) em jantar que consta na agenda desta quarta-feira.

Campos Neto reforçou que está sempre disponível para conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive sobre a PEC, mas que não sabe o quanto interessa a ele conhecer os detalhes da PEC.

Ele comentou que tem pouco contato direto com o presidente e que o contato entre os dois costuma ser feito por intermédio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já disse discordar de alguns pontos da PEC.

Sem ambições políticas

Campos Neto ainda afirmou que não tem nenhuma ambição política após deixar o comando da autoridade monetária, ao fim deste ano. “Estou focado no BC até o fim do mandato, não tenho nenhum projeto, zero”, disse.

Questionado sobre sua situação específica – de ter sido indicado ao comando do BC com mandato pelo governo Bolsonaro e encarar dois anos do novo governo Lula na função – , Campos Neto afirmou que melhorou sua relação técnica com o Ministério da Fazenda é melhor agora. Ele ainda disse acreditar que tem boa proximidade com Haddad.

Com informações do Estadão Conteúdo

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