Economista-chefe do Itaú: impacto de Trump para o Brasil será baixo e é preciso aguardar
Para Mário Mesquita, o Brasil tem um déficit comercial com os Estados Unidos. Por conta disso, não deverá ser foco de iniciativas tarifárias do governo americano. O impacto deverá ser diferente para México e Canadá, por exemplo.
Em um discurso uníssono de que é preciso esperar as primeiras medidas práticas do presidente Donald Trump para entender qual será o impacto para economia global, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, não foge do consenso da grande maioria dos executivos da Faria Lima que está presente no Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), esta semana em Davos, na Suíça.
Para Mesquita, o Brasil tem um déficit comercial com os Estados Unidos.
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E, por conta disso, não deverá ser foco de iniciativas tarifárias do governo americano.
O impacto deverá ser diferente para México e Canadá, por exemplo.
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Dessa maneira, o banco mantém as perspectivas de taxa de juros ainda alta no Brasil.
Perspectivas sobre inflação e gestão Galípolo no BC
Sobre inflação, Mesquita disse que não viu até agora nenhuma manifestação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no sentido de desviar das regras do jogo do regime para as metas.
“Nossa projeção é baseada na ideia de que a diretoria atual do Banco Central vai continuar perseguindo a meta e isso demanda, por ora, um aperto de juros mais intenso.”
Mesquita, que já foi diretor do BC, afirmou ver com bons olhos o fato de Galípolo, antes de assumir o posto de autoridade monetária, ter passado pela diretoria da autarquia.
Assim, para ele, isso traz uma certa tranquilidade nessa passagem de bastão do Roberto Campos Neto.
“Achei que foi muito feliz o processo de ter Galípolo como diretor um tempo antes, para ele começar a atuar como “policy maker” e depois ir para a presidência do BC.”
“Sempre que tem uma transição em qualquer organização, como governo ou mesmo instituições privadas, é preciso entender qual vai ser o grau de diferença de quem está entrando em relação a quem está saindo. Então, acho que isso faz parte do processo.”
Real subvalorizado
Com o dólar desacelerando nesta semana, Mesquita destaca que o real está subvalorizado e que o valor justo seria R$ 5,70 para o câmbio.
Em relatório divulgado no fim do ano passado, o Itaú ressalta que, apesar do diferencial de juros elevado, o real enfrenta pressões de depreciação.
Elas decorrem devido ao cenário global de dólar forte, aumento do prêmio de risco doméstico e deterioração das contas externas, com o déficit em conta corrente atingindo 3,3% do PIB na margem.
Por ora, pelo menos para Mesquita, está precificado o que a maioria dos agentes de mercado tem dito nos últimos dias.
Cenário global de mais incerteza afeta o Brasil
De que o cenário global é de aumento do grau de incerteza pairando sobre a economia, “porque cada dia pode ter uma novidade vindo de Washington e isso tende a ser ruim para o comércio internacional, tende a ser ruim até para o crescimento mundial”.
Dessa maneira, o Brasil não escapa disso.
Para o Brasil, o banco observa uma inflação pressionada em várias dimensões, taxas de juros pressionadas e expectativas de inflação desancoradas.
“Com isso, a gente acha que o Banco Central vai sim cumprir a sua sinalização de subir a taxa de juros em mais rodadas de 100 pontos e que a taxa de juros vai chegar no final do ciclo a 15,75%.”
Assim, Mesquita também não vê a participação do Brasil com grande relevância este ano em Davos.
O foro, segundo ele, está muito mais pautado pelos Estados Unidos e as crises geopolíticas.
Dessa maneira, o protagonismo do Brasil, segundo ele, segue nas discussões ambientais.
Nesse quesito, a Argentina sob a gestão de Javier Milei tem um discurso liberal que é mais acolhido em Davos.
Embora o país vizinho tenha muitas questões estruturais da macroeconomia a serem resolvidas.
Com informações do Valor Econômico