Lagarde: BCE não vê problemas de liquidez no mercado
Lagarde afirmou que o BCE tem as ferramentas necessárias para prover liquidez aos bancos da zona do euro, caso seja necessário
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a entidade não vê, no momento, problemas de liquidez nos mercados da zona do euro. Durante coletiva de imprensa, a dirigente ressaltou que a situação do Credit Suisse e a turbulência recente estão sendo monitoradas “de perto”.
Ainda assim, Lagarde afirmou que o BCE tem as ferramentas necessárias para prover liquidez aos bancos da zona do euro, caso seja necessário. Para ela, “não há escolha a fazer” entre a estabilidade financeira e o combate à alta inflação, e a decisão de elevar os juros em 0,5 ponto percentual, divulgada hoje, mostra isso.
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“Estamos determinados a levar a inflação de volta à meta de 2%”, reforçou a banqueira central, que ainda vê um “longo caminho a percorrer” até a estabilização dos preços. “Vemos progresso no combate à inflação, mas não muito, para ser honesto”. Por isso, a luta contra a inflação não vai parar e não foram consideradas outras opções que não subir os juros na reunião de hoje, acrescentou.
Considerando o elevado nível de incerteza atual, o BCE deve agir “dependente de dados” a partir de agora, ressaltou Lagarde. No momento, não é possível antecipar quais serão os próximos passos da entidade, disse.
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Lagarde: há riscos de pressão inflacionária voltar
Lagarde, afirmou que a inflação “subjacente” na zona do euro permanece elevada e por isso foi necessário elevar os juros em 0,5 ponto percentual (p.p.) na decisão divulgada hoje.
Segundo ela, a recente desaceleração da inflação no bloco monetário ocorreu pelo recuo nos preços de energia, após os picos atingidos no segundo semestre de 2022. No entanto, a inflação de serviços segue aquecida por conta das pressões energéticas de meses atrás e aumento dos salários.
BCE já vê transmissão de juros
O Banco Central Europeu (BCE) está começando a perceber de forma mais clara a transmissão de sua política monetária restritiva na zona do euro, em especial no setor de crédito, que já respondeu de forma relevante, de acordo com Lagarde.
A banqueira central afirmou que os juros do crédito oferecido tanto a domicílios quanto ao setor privado subiram “vários pontos-base” nos últimos meses.
Como consequência do forte aumento de juros e maiores exigências dos bancos, a demanda de empresas por crédito diminuiu, destacou Lagarde.
Mercado de trabalho
“O mercado de trabalho continua forte apesar do enfraquecimento da atividade econômica”, afirmou Lagarde, durante a tradicional coletiva de imprensa que ocorre meia hora após a decisão de juros do BCE.
Como disse o comunicado de política monetário divulgado hoje, Lagarde espera que a inflação permaneça “muito alta por muito tempo”, mas disse que as pressões devem reduzir e permitir uma retirada das medidas monetárias e fiscais recentes de “forma organizada”.
Guerra
Há, contudo, risco de que novos choques de energia ocorram por conta da guerra na Ucrânia, o que tornaria a pressionar a inflação na zona do euro. A rápida recuperação da economia chinesa é outro fator de risco para as projeções inflacionárias, segundo a dirigente.
Atividade econômica
Quanto à atividade econômica, Lagarde considerou que a economia do bloco monetário “está preparada para se recuperar”, incluindo a atividade industrial após o choque energético europeu. No entanto, os principais riscos às projeções ainda apontam para baixo, admitiu.