Inflação deve voltar à meta no 2º trimestre de 2024, estima diretor do BC
Diogo Guillen reforçou que a autoridade monetária 'vai fazer o que for necessário' para taxa ficar dentro das expectativas
O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, repetiu nesta terça-feira que a autoridade monetária “vai fazer o que for necessário” para levar a inflação para a meta.
“Por que achamos que vai voltar para a meta? Olhamos as nossas projeções e elas sugerem que no horizonte que enfatizamos [segundo trimestre de 2024] está ao redor da meta e temos uma política monetária muito restritiva. Então também sugere que vamos atingir a meta, esse é o objetivo e vamos fazer o que for necessário para alcançar a meta”, disse, em inglês, em conferência promovida pelo J.P.Morgan, em São Paulo.
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Guillen reforçou que a queda recente da inflação foi ocasionada por medidas do governo. “A inflação está em nível alto, vimos uma queda concentrada em itens mais voláteis e medidas tributárias. O núcleo está caindo, mas ainda acima da meta e em patamar elevado”, afirmou.
Ele frisou que a atenção da autoridade monetária está voltada para a inflação de serviços, para a inércia e para o hiato do produto, medida de ociosidade da economia. “A inflação de serviços caiu um pouco, mas ainda está elevada”, ressaltou.
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“Sobre o hiato do produto, é importante observar como afeta a inflação, mais do que a discussão se está fechado ou não”, disse. “Há muita incerteza em torno do hiato do produto, nos métodos e nas variáveis”, complementou.
Segundo o diretor, os riscos para a inflação foram citados na comunicação oficial do BC, como os impactos fiscais na economia e nas expectativas. “Além do risco de o hiato do produto estar mais estreito do que pensamos que está”, disse.
O dirigente salientou que as projeções do BC estão mais incertas e disse que “desancorar o longo prazo aumenta o custo de desinflação”.
Guillen repetiu que os mercados estão mais sensíveis aos ruídos e à credibilidade dos arcabouços fiscais. “O caso do Reino Unido mostra isso”, ressaltou.
Ele destacou que a política fiscal pode afetar a decisão de política monetária “em três dimensões”, pela sensibilidade do mercado, pelo impacto direto na atividade econômica e pelas expectativas de inflação.
“No curto prazo seria como o impulso afeta a atividade e, por consequência, a inflação. E, no longo prazo, a credibilidade do arcabouço fiscal é algo que estamos olhando e está no balanço de riscos”, detalhou.
O diretor afirmou que a inflação “está se movendo” de bens para serviços e destaca que ainda não dá para saber se a dinâmica de consumo vai voltar a ser como era antes da pandemia.
“Como a política monetária vai lidar com isso, com a inflação mais alta, é um ponto. Política monetária atua com defasagem e você pode discutir qual é essa defasagem, de quatro ou seis trimestres, depende se é em uma economia avançada ou emergente. Nos emergentes a defasagem é um pouco menor, talvez por conta do câmbio”, disse.
“Na parte doméstica, começamos a ver desaceleração na atividade [brasileira] como esperávamos. Política monetária atua com defasagens e começamos a ver efeito no ritmo de crescimento. Vemos serviços subindo e bens caindo na margem [na atividade]”, pontuou.
Guillen frisou que houve redução das expectativas de inflação para 2022, especialmente em itens administrados. “Para 2023, ainda há efeito das medidas do governo. Em 2024, as expectativas estão ao redor da meta, estão em 3,5%”, colocou.
O diretor ressaltou que há uma discussão sobre aumento da inércia, mas que, em sua visão, a indexação da economia “continua como era antes”.