BC estuda como adaptar regulação para incluir princípios de uso da IA, diz Damaso

O diretor de regulação do Banco Central, Otavio Damaso, disse nesta quarta-feira (23), que a instituição está avaliando quais pontos do atual arcabouço regulatório e legal do sistema financeiro precisarão ser adaptados à realidade do uso da inteligência artificial (IA) no setor. Segundo ele, ainda não há um projeto de construir uma regulação específica porque […]

O diretor de regulação do Banco Central, Otavio Damaso, disse nesta quarta-feira (23), que a instituição está avaliando quais pontos do atual arcabouço regulatório e legal do sistema financeiro precisarão ser adaptados à realidade do uso da inteligência artificial (IA) no setor.

Segundo ele, ainda não há um projeto de construir uma regulação específica porque a base legal do sigilo bancário e a resolução com a Política de Responsabilidade Socioambiental já trazem princípios e posturas para o sistema financeiro e dão conforto ao BC para estudar melhor o processo.

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“Muitas coisas se aplicam diretamente ao desenvolvimento da IA. Pela lei de sigilo bancário, de décadas, as instituições têm grau de responsabilidade elevado sobre informações que pertencem aos clientes. A privacidade é o principal pilar”, disse ele em painel na Digital Week, promovida pela PwC Brasil, em São Paulo.

Ele destacou que há no Congresso Nacional um projeto de lei sobre o assunto em discussão, além de debates no âmbito dos órgãos internacionais sobre ética, privacidade, necessidade de consentimento do cliente para dados serem utilizados. “A IA traz nova dimensão e insights para refletirmos e identificarmos onde vamos precisar adequar o arcabouço legal, com o apoio do Congresso, e regulatório.”

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Damaso afirmou que há ainda a intenção de fazer um questionário para entender como o sistema financeiro está usando os dados e onde estão vendo riscos para daqui a cinco ou dez anos em IA.

“Se precisasse fazer agora a regulação, focaríamos em governança. Faça com que seu conselho de administração, que a diretoria executiva e todo o quadro de funcionários conheçam sua política, os instrumentos e saibam usar. É o caminho que seguiríamos. Não vamos entrar na tecnologia, no que pode e no que não pode. É chamar as instituições financeiras a terem processo cada vez mais robusto.”

Para ele, há três grandes áreas de ganho intenso de IA. A primeira, na área administrativa, com automatização de processos. A segunda, no relacionamento para concessão de crédito, com leitura de dados estruturados e não estruturados. “Uma operação de crédito demorava de três a quatro dias para sair e hoje é na hora, com tudo mapeado. No crédito vai ser uma revolução em experiência para o cliente e em mitigação de riscos para as instituições financeiras.”

A terceira, acrescenta Damaso, é na parte de educação financeira. “É onde meus olhos mais brilham. É um oceano de oportunidades, a instituição poder ajudar a família a organizar sua vida financeira, em prol dos dois. Daqui a dez anos vamos pensar em como a gente vivia sem IA.”

*Com informações do Valor Econômico

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