Quais são as barreiras para o estrangeiro investir no Brasil, segundo Haddad

Em Nova York, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o governo está trabalhando para colocar as contas públicas em ordem

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva. Foto: Diogo Zacarias/MF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva. Foto: Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou, na segunda-feira (23), em Nova York, o Plano de Transformação Ecológica e suas oportunidades para investimento privado. A apresentação ocorreu em uma mesa redonda com investidores estrangeiros organizada pelo think tank Milken Institute.

Contudo, o fato de o Brasil ter perdido, em 2015, o status de grau de investimento é uma barreira e foi um dos pontos questionados. O grau de investimento é uma medida da capacidade de pagamento do país diante de credores.

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“As pessoas se animam porque a gente está muito na fronteira desses assuntos [ambientais e de sustentabilidade]”, comenta. E, acrescentou que ouviu de alguns investidores que é preciso fazer uma diversificação geográfica na cesta de ativos, o que dá ao Brasil, uma oportunidade de chamar a atenção. “Se você vai dividir os seus ovos em várias cestas, um deles falou, a cesta brasileira se apresenta como uma das melhores”, diz.

Segundo o ministro, houve perguntas sobre se teria oportunidades para o setor privado. Ele respondeu que praticamente todo o Plano de Transformação Ecológica implica em parcerias privadas e públicas. “Não há investimentos públicos puros nesse plano. Até o investimento em ciência e inovação está sendo feito com o setor privado”, diz.

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Mas ressalva que a atratividade de investimento ainda é um processo. Haddad citou a complexa geopolítica como um dos pontos que preocupam investidores na hora de alocar capital.

Grau de investimento virá?

Particularmente sobre o Brasil, Haddad explicou que foi perguntado se virá, em breve, o grau de investimento. Ele concordou quando questionado se é ainda uma barreira para a atração de investimento. Alguns fundos de investimentos globais, como fundos de pensão e endowments, por exemplo, não podem alocar recursos em países que não tenham o grau de investimento.

O convite para a mesa redonda “Investindo na Transformação Verde do Brasil” partiu do Alex Allard, idealizador e fundador da Cidade Matarazzo. O objetivo era apresentar as oportunidades do país na economia verde.

No site do Milken Institute, a apresentação do bate-papo explicava o Plano de Transformação Ecológica (PTE) como uma “iniciativa que visa revitalizar a economia do Brasil”.

Isso se daria por meio de parcerias público-privadas e novos mercados de sustentabilidade, como bioeconomia, sistemas agroalimentares, transição energética e infraestrutura resiliente ao clima”.

Também destacaram que a necessidade de investimento gira em torno de US$ 130 milhões a US$ 160 milhões.

“O PTE procura atrair investimento estrangeiro, reduzir o risco cambial, expandir o mercado regulamentado de carbono e combater a desflorestação. Esta seção oferece uma oportunidade única de interagir com o ministro e explorar como os investidores globais podem apoiar as metas ecológicas e de sustentabilidade do Brasil”, consta.

Sistema financeiro sólido

Na apresentação, o ministro sublinhou como o Brasil está bem posicionado para uma economia de baixo carbono, contando com uma abundante oferta de energia renovável e uma infraestrutura robusta e integrada em todo o território nacional.

O ministro reforçou que o Brasil apresenta um sistema financeiro sólido, com um desempenho consistente de seus bancos de desenvolvimento, o que fortalece ainda mais sua capacidade de transitar para uma economia sustentável.

Haddad também elencou aos estrangeiros as medidas legislativas já aprovadas, como Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão (que aguarda sanção presidencial), o Mover, com mais de R$ 100 bilhões de novos investimentos, Combustíveis do futuro e a reforma tributária que, segundo ele, traz diversos elementos de sustentabilidade, como os critérios para os fundos de desenvolvimento, IPVA verde, partilha de tributos e imposto seletivo.

Agências de classificação de risco

Haddad também citou as administrativas implementadas, a exemplo do redesenho do Fundo Clima, que saltou de R$ 0,2 bilhão anual para R$ 10 bilhões, e que conta com regras de conteúdo local; o EcoInvest Brasil, iniciativa é voltada para atrair investimentos privados externos; e a reestruturação do FNDCT, que tem R$ 12 bilhões anuais. Cita ainda o Arco da Restauração; Plano Safra com critérios ecológicos; tarifas de importação diferenciadas para tecnologia verde, entre outras.

Entre as próximas ações do governo, citou a aprovação do mercado regulado de carbono, a criação do colegiado do Pacto dos Três Poderes pela Transformação Ecológica, a Taxonomia Sustentável e desenvolvimentos de setores como a energia eólica no mar, com potencial de destravar ao menos R$ 20 bilhões apenas com investimentos em desenvolvimento de projetos, entre outros.

O ministrou participou ainda de uma reunião com o presidente global da Shell, a pedido da empresa. A Shell queria apresentar seus planos de descarbonização e investimentos em projetos no Brasil. Também se reuniu com chefes das agências de classificação de risco Moody’s e S&P.

Com informações do Valor Econômico.

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