Banco central dos EUA considera acelerar alta dos juros para conter inflação

Reduzir a inflação e evitar a recessão será 'tarefa desafiadora', diz Jerome Powell, líder do banco central dos EUA

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Foto: Saul Loeb/AFP)
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Foto: Saul Loeb/AFP)

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse que o Banco Central dos Estados Unidos está preparado para elevar as taxas de juros em meio ponto percentual e a níveis altos o suficiente para desacelerar deliberadamente a economia (acima da taxa neutra), se a autoridade monetária concluir que tais medidas são necessárias para reduzir a inflação.

“Tomaremos as medidas necessárias para garantir um retorno à estabilidade de preços”, disse Powell nesta segunda-feira, em comentários preparados para serem apresentados em uma conferência econômica em Washington.

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O Fed elevou a meta da sua taxa básica de juros em 0,25 ponto, para o intervalo entre 0,25% e 0,5% na semana passada, e o integrantes do BC americano apontaram uma série de aumentos adicionais em 2022, elevando-a para um pouco abaixo de 2% no final deste ano e para cerca de 2,75% no próximo ano.

A maioria dos integrantes do Fed acredita que uma taxa neutra, presumindo uma inflação de 2%, está próxima de 2,5%.

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Mas Powell enfatizou repetidamente a incerteza enfrentada pelos integrantes do Fed enquanto lidam com os impactos da pandemia e da recente guerra na Ucrânia, e disse que os membros estão prontos para mudar sua política em uma direção mais agressiva.

“Se concluirmos que é apropriado agir de forma mais agressiva, aumentando a meta dos Fed Funds em mais de [0,25 ponto] em uma reunião ou várias reuniões, faremos isso”, disse. “E se determinarmos que precisamos ir além das medidas comuns para a taxa neutra e adotar uma postura mais restritiva, faremos isso também.”

A inflação anual subiu para 6,1% em janeiro, de acordo com o indicador de preços preferido pelo Fed. O núcleo de inflação, que exclui alimentos e energia, subiu para 5,2%. A maioria dos integrantes do BC americano agora vê o núcleo da inflação terminando o ano em 4,1%.

Powell disse que a perspectiva de inflação “se deteriorou significativamente mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia”, e alertou que os efeitos da guerra na Europa e a resposta do Ocidente de impor pesadas sanções à economia russa podem agravar ainda mais as interrupções na cadeia de abastecimento global, ao mesmo tempo em que impulsionam os preços de commodities-chave para cima.

“Não há experiência recente com problemas significativos dos mercados de uma gama tão ampla de commodities”, disse Powell, destacando a experiência histórica com os choques do preço do petróleo da década de 1970. “Não foi feliz”, acrescentou.

A tarefa do Fed agora é guiar a inflação para baixo aumentando as taxas para moderar a demanda, mas evitando uma resposta tão agressiva ou rápida que a economia deslize para uma recessão. A preparação para um chamado “pouso suave” ainda é possível, disse Powell, e ele apontou três casos nos últimos 60 anos em que ele achava que o Fed havia alcançado tal resultado.

Mas ele acrescentou várias advertências: “ninguém espera que uma aterrissagem suave seja algo simples no contexto atual – muito pouco está claro no contexto atual”, disse. A política monetária é um “instrumento contundente, incapaz de precisão cirúrgica”, acrescentou. “Meus colegas e eu faremos o nosso melhor para ter sucesso nesta tarefa desafiadora.”

O Fed ainda está contando com a ajuda significativa da recuperação das cadeias de abastecimento e do retorno dos trabalhadores ao mercado de trabalho para reduzir a inflação neste ano e no próximo. Mas Powell disse que, em contraste com a postura do Fed durante grande parte de 2021, ele não pode mais definir políticas prevendo que tal alívio se materializaria.

“À medida que definirmos a política, procuraremos o progresso real nessas questões e não presumiremos um alívio significativo no curto prazo do lado da oferta”, disse ele.

Com Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

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