EUA atingem limite da dívida e Tesouro começa a tomar medidas de austeridade para evitar default
Departamento do Tesouro disse que vai começar a implementar medidas extraordinárias para evitar um default dos EUA; discussão sobre o aumento do teto vai para o Congresso
O Departamento do Tesouro dos Estados começou a tomar medidas de austeridade para continuar pagando as contas do governo nesta quinta-feira, dia que o país atingiu o limite da dívida. A discussão sobre o aumento do teto da dívida agora vai para o Congresso dos EUA.
Com o governo federal prestes a atingir o limite da dívida, que o Congresso estabeleceu em cerca de US$ 31,4 trilhões em 2021, o Departamento do Tesouro disse que vai começar a implementar medidas extraordinárias para evitar um default dos EUA.
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Essas manobras contábeis, que envolvem a suspensão de investimentos para certos serviços do governo, permitirão que o Tesouro continue pagando as obrigações a detentores de títulos e beneficiários da Previdência Social até pelo menos o início de junho, disse o departamento na semana passada.
Isso dá aos legisladores do Congresso e ao governo Biden cerca de cinco meses para aprovar uma legislação que aumente ou suspenda o limite da dívida.
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O novo presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy e outros correligionários disseram que se oporiam ao aumento do limite da dívida, a menos que os democratas também concordassem em cortar gastos federais. O presidente Biden e os democratas, que são maioria no Senado, dizem que não permitirão que os republicanos os pressionem para cortar programas federais. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, pediu na semana passada aos legisladores que aumentassem o limite da dívida o mais rápido possível.
Congresso discute medidas
Os republicanos da Câmara e McCarthy não detalharam quais gastos esperam cortar. A Previdência Social e o Medicare – sistema de segura saúde do governo – tem amplo apoio político. Muitos republicanos querem aumentar o orçamento ao Departamento de Defesa. Os representantes republicanos no Congresso apresentaram vários planos para o corte de despesas federais, mas não entraram em consenso sobre a proposta a ser discutida no plenário.
McCarthy pediu que Biden iniciasse as negociações antecipadamente sobre o teto da dívida. “Por que criar uma crise sobre isso?” disse o presidente da Câmara na terça-feira.
Casa Branca não pretende negociar com republicanos
Funcionários da Casa Branca disseram que o governo não tem planos de negociar com os republicanos sobre o teto da dívida e acredita que os democratas não devem fazer com que o aumento dependa de outras demandas políticas.
A equipe de assuntos legislativos da Casa Branca está em contato com membros de ambos os partidos, como é tradicional no início de uma nova legislatura, mas a questão do teto da dívida não tem sido o tema central da discussão, segundo autoridades.
Um impasse sobre os gastos do governo e o limite da dívida em 2011 causou um rebaixamento da classificação de crédito dos EUA e agitou os mercados financeiros.
Consequências de um default podem ser de longo prazo
A falha dos EUA em efetuar seus pagamentos no prazo pode ter consequências econômicas e financeiras de longo prazo. A dívida soberana dos EUA sustenta grande parte do sistema financeiro global, e o rendimento do título do Tesouro de 10 anos é uma taxa de juros de referência em toda a economia global.
A perda da confiança dos investidores nos EUA sobre o pagamento das dívida pode provocar uma forte liquidação dos títulos do Tesouro, o que, por sua vez, pode causar caos nos mercados financeiros, elevar as taxas de juros e os custos dos empréstimos da dívida dos EUA.
O calote de outras obrigações dos EUA, como benefícios da Previdência Social, também pode causar problemas econômicos em todo o país.
Discussões anteriores sobre aumento do teto
Durante as disputas sobre o aumento do teto da dívida em outros anos, autoridades do Tesouro e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) discutiram medidas que poderiam ser tomadas para tentar mitigar as consequências de um possível calote.
Sem a capacidade de tomar mais empréstimos, o Tesouro poderia dar prioridade aos pagamentos aos detentores de títulos com os recursos disponíveis, embora ex-funcionários do Tesouro tenham questionado se tal priorização é possível. O Fed, por sua vez, poderia entrar no mercado de títulos do Tesouro comprando títulos inadimplentes, embora as autoridades tenham alertado contra tal medida.
Déficit teve forte queda em 2022
A dívida do governo dos EUA saltou nos anos de 2020 e 2021, quando o Congresso e a Casa Branca injetaram mais de US$ 5 trilhões em ajuda financiada através do endividamento federal durante a pandemia de covid-19.
O déficit caiu acentuadamente em 2022, já que grande parte dos gastos criados durante a pandemia acabaram, embora ele esteja crescendo novamente neste ano à medida que as taxas de juros mais altas aumentam os custos dos empréstimos.