BCE: Aperto monetário deve continuar mesmo após política alcançar campo neutro, diz ata

Documento diz que, mesmo com a maior parte dos integrantes optando por uma alta de 0,75 no último encontro, houve quem questionasse a agressividade

Confira o desempenho das bolsas europeias - Foto: Unspash
Confira o desempenho das bolsas europeias - Foto: Unspash

Mesmo depois de alcançar um espaço neutro, o aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE) deve continuar firme. Foi o que sinalizou o BCE em ata da sua última reunião de política monetária, que ocorreu em 26 e 27 de outubro.

“Expressou-se a opinião de que o aperto monetário provavelmente precisaria continuar depois que a orientação da política monetária tivesse sido normalizada e mudasse para um território amplamente neutro”, conforme trecho do documento divulgado há pouco.

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O documento, que pode impactar as bolsas europeias nesta quinta, deixou claro que, mesmo a maior parte dos integrantes optando por uma alta de 0,75 ponto percentual no último encontro, houve quem questionasse tal agressividade.

“A argumentação foi que um aumento de 0,75 ponto percentual era um passo necessário rumo a um patamar mais neutro”, segundo o documento.

“Observou-se que os participantes do mercado estavam precificando um aumento desse tamanho. Ficar aquém dessas expectativas de mercado implicaria um impulso indesejável de afrouxamento, potencialmente minando a confiança no compromisso do Conselho do BCE com a estabilidade de preços”, diz outro trecho.

Possibilidade de ritmo mais baixo

Mas alguns integrantes optaram pelo voto de um ritmo mais baixo, de 0,50 ponto percentual, defendendo que “a subida das taxas seria acompanhada por um sinal sobre a necessidade de altas futuras de juros, por uma alteração na remuneração das reservas mínimas, e pelo ajustamento dos termos e condições das TLTRO III”.

Na avaliação desses membros, uma alta de 0,50 p.p. foi considerada suficiente para ajustar a orientação da política, de forma gradual e comedida, dado que o risco de um abrandamento significativo da atividade econômica aumentava e as condições de financiamento já tinham se tornado significativamente mais restritivas desde o início do processo de normalização.

“Além disso, argumentou-se que um ritmo excessivamente agressivo de aperto poderia ter repercussões na estabilidade financeira, na atividade econômica e, em última instância, na inflação”, diz o texto.

Meta de inflação

Os integrantes também reforçaram que, para atingir a meta de inflação de médio prazo de 2%, é preciso continuar com os aumentos das taxas de juros. Mas a definição do patamar dessas altas vai depender dos dados de cada encontro, com as decisões baseadas na evolução da inflação e da atividade econômica.

Em relação às alterações do pacote TLTRO III, as mudanças foram vistas como parte essencial do processo de normalização da política monetária.

“Manter a taxa média das TLTRO III a uma taxa inferior a de depósito poderia ofuscar o sinal de política pretendido, o que poderia pôr em causa a determinação do Conselho do BCE em trazer a inflação de volta ao seu nível médio meta de prazo de 2% em tempo hábil”, continua a autoridade.

“A percepção é que, com o ajustamento das condições TLTRO III, os bancos teriam o incentivo e a oportunidade de reembolso antecipado dos seus empréstimos, o que contribuiria também para a normalização do balanço do Eurosistema”, segundo o documento.

“Essa redução no tamanho do balanço foi considerada necessária e um primeiro passo útil antes de considerar uma redução do portfólio do programa de compra de ativos (APP)”, completa.

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