Análise: governo anuncia plano fiscal, coloca um pé no mercado e outro na eleição de 2026

Haddad anunciou plano de corte de gastos que prevê economia de R$ 70 bilhões em dois anos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foram semanas de espera pelo plano de ajuste fiscal. Dia após dia, a bolsa de valores oscilou em novembro, para baixo na maioria dos pregões, enquanto o anúncio não era feito. Linhas gerais do pacote enfim foram divulgadas, na noite de quarta-feira (27). E para além de cortes e ajustes, um aspecto ficou evidente. O governo federal colocou um pé na canoa do mercado ao promover cortes. Mas deixou claro também que um pé está lá na frente, em 2026.

O governo olha para o ano eleitoral porque anunciou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

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Ato contínuo, a mensagem pública é a de que esse benefício será compensado com a taxação de quem tem renda acima de R$ 50 mil mensais. A ideia que se tenta passar é de que o governo caminha na direção de uma sociedade mais igualitária. Quem ganha menos, paga menos.

“É o Brasil justo, com menos imposto e mais dinheiro no bolso para investir no seu pequeno negócio, impulsionar o comércio no seu bairro e ajudar a sua cidade a crescer”, disse o ministro.

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Haddad falou ainda que o salário mínimo continua a subir acima da inflação. Mas de forma sustentável. Salário mínimo e isenção de IR. São duas medidas que falam diretamente com os eleitores pois impactam o cotidiano.

O plano fiscal e o mercado

Mas o governo também finalmente acena para o mercado. Anuncia um plano fiscal cujos cortes chegam a R$ 70 bilhões em 2025 e 2026. Haddad diz que o movimento consolida o compromisso da atual administração com a sustentabilidade fiscal.

Com isso, tenta sinalizar aos agentes financeiros: aqui estamos para oferecer a credibilidade que vocês julgam necessária.

Mas até que todas as medidas sejam detalhadas. E então, revisadas e analisadas pelos especialistas, podemos dizer (escrever) o óbvio: R$ 70 bilhões é mais do que os R$ 60 bilhões esperados pelo mercado.

Novo capítulo começa após plano fiscal

A partir de agora, um novo capítulo começa na economia. Até aqui, tudo que tinha de ser precificado já o foi. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, tem até aqui queda de 1,58% em novembro. No ano, a bolsa já acumula redução de 4,86%.

E agora, José?

Pelo menos uma das preocupações do mercado clareou. Para o bem ou para o mal, se esperava pelo plano fiscal que finalmente começa a chegar.

Então, 2025 se aproxima e apresenta variáveis para a economia nada controláveis.

É o caso da situação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro e de eventuais turbulências no campo político que sempre podem afetar a economia.

De certo, mesmo, apenas que com o anúncio do plano de ajuste fiscal e da ampliação da isenção do Imposto de Renda no mesmo dia, a atual administração federal inaugura, extraoficialmente, a corrida presidencial de 2026.

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