Americanas deve levar proposta a bancos na quinta-feira, dizem fontes

Do lado das instituições financeiras, o sentimento é o de que não há espaço para negociação se os acionistas não fizerem um aporte relevante de recursos para viabilizar a companhia

Americanas enfrenta sua pior crise e entrou em recuperação judicial no Brasil e nos EUA. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Americanas enfrenta sua pior crise e entrou em recuperação judicial no Brasil e nos EUA. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

A Americanas deve apresentar aos bancos na próxima quinta-feira (16) uma proposta de renegociação de dívidas. O Valor apurou que os credores foram convocados para uma reunião nesse dia com Luiz Muniz, sócio do banco de investimentos Rothschild, que assessora a varejista, e Roberto Thompson, sócio da 3G Capital, empresa de investimentos de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

A participação de Thompson, que fez parte do conselho de administração da Americanas entre 2004 e 2020, é a grande novidade. Como ele é próximo dos acionistas de referência da varejista, a presença dele foi interpretada pelos bancos como um sinal de que o trio poderá propor uma capitalização da companhia. Ele estaria com mandato para falar em nome dos três, segundo fontes.

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Do lado das instituições financeiras, o sentimento é o de que não há espaço para negociação se os acionistas não fizerem um aporte relevante de recursos para viabilizar a companhia.

Um mês atrás, logo que a crise da varejista eclodiu, a Americanas acenou com uma proposta que previa uma capitalização da empresa em cerca de R$ 6 bilhões e a conversão de parte das dívidas bancárias por meio da emissão de uma debênture conversível em ações. Esse desenho foi transmitido, na ocasião, por Sérgio Rial, que havia se demitido do cargo de CEO da varejista, mas estava ali como um intermediário dos acionistas de referência.

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O volume de recursos foi considerado insuficiente pelos bancos, que falam na necessidade de uma injeção de capital de pelo menos R$ 15 bilhões para resgatar a Americanas.

De lá para cá, o clima entre os bancos e os acionistas da companhia desandou. Em uma carta na qual se pronunciou sobre o caso, o trio procurou isentar-se de culpa e disse que nem os bancos nem a auditoria PwC jamais sinalizaram que havia operações suspeitas na varejista. As instituições financeiras, por sua vez, foram à Justiça para tentar obter provas que as ajudem a responsabilizar os acionistas de referência pelo que consideram ter sido uma fraude. A Americanas revelou, em 11 de janeiro, ter encontrado “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões em seus balanços.

Na semana passada, Sicupira esteve no Brasil e manteve conversas com banqueiros. Porém, nesses encontros, não apresentou nada concreto.

De acordo com a lista atualizada de credores da Americanas na recuperação judicial, a empresa deve R$ 17,88 bilhões a bancos. A crise da companhia fez estrago nos balanços das instituições financeiras no quarto trimestre. Santander, Bradesco, Itaú Unibanco e BTG Pactual fizeram R$ 8,3 bilhões em provisões relacionadas ao caso.

Procurada, a Americanas não comentou o assunto.

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