Alta das commodities traz novo fôlego ao Ibovespa

Dólar cai a R$ 5,23 e juros futuros sobem com pressão de Treasuries

Foto: Alistair Berg/Getty Images

O pregão de recuperação dos preços das commodities no mercado internacional deu aval ao retorno do Ibovespa à marca dos 100 mil pontos. O desempenho das ações da Petrobras e da Vale ajudou a bolsa a se firmar em alta e a destoar do viés negativo observado em Wall Street. Em Nova York, enquanto as ações caíram, os rendimentos dos Treasuries subiram com força e puxaram para cima a curva de juros brasileira, além de impedirem uma queda mais forte do dólar, que, ao longo do dia, abandonou a mínima de R$ 5,20.

O Ibovespa, contudo, exibiu força ao longo de toda a sessão e encerrou em alta de 2,12%, aos 100.764 pontos. As ações ordinárias da Petrobras subiram 6,75% e as preferenciais, 6,43%, em um movimento que contribuiu para que a bolsa apresentasse ganhos firmes, após ter encerrado a semana passada abaixo do nível simbólico de 100 mil pontos.

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Ontem, a estatal confirmou, em fato relevante, que o conselho de administração nomeou Caio Mário Paes de Andrade como novo presidente, com mandato até 13 de abril de 2023. Na visão da analista-chefe do Inter, Gabriela Joubert, a aprovação do nome do executivo “impulsiona as ações da empresa no curto prazo, uma vez que tira uma incerteza do caminho.”

O Itaú BBA retomou a cobertura da Petrobras com um preço-alvo de R$ 43 para as ações PN e afirmou que, mesmo que os papéis sejam sensíveis ao fluxo intenso de notícias diárias sobre a empresa, é necessário focar nos fortes fundamentos da companhia e no desempenho operacional robusto. Em relação ao Ibovespa como um todo, o Itaú BBA cortou a projeção para o índice no fim do ano de 115 mil pontos para 110 mil pontos.

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De acordo com os profissionais do banco, os ativos de “value” devem continuar a superar os papéis “de crescimento” no curto prazo, “já que a inflação está demorando mais do que o esperado para recuar e a taxa Selic pode permanecer alta por mais tempo”. O Itaú BBA acredita que esse ambiente desafiador “pode continuar a incentivar saídas do mercado de ações para a renda fixa”.

No mercado de juros, o bom humor observado na renda variável não deixou o ambiente mais leve. À espera do novo texto da PEC que deve incluir o aumento do Auxílio Brasil, o mercado voltou a exigir prêmio de risco ainda mais alto. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,495% para 12,595%; e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 12,43% para 12,545%.

O movimento de alta das taxas futuras também teve o exterior como base, na medida em que os rendimentos dos Treasuries retomaram a escalada recente. Em leilão realizado pelo Tesouro dos EUA ontem, a demanda por T-notes de cinco anos se mostrou muito mais fraca que a média das últimas seis vendas, em especial entre investidores estrangeiros. E, com a procura menor pelos papéis da dívida pública americana, o mercado exigiu prêmios mais altos na curva de juros, o que alimentou a volta do juro da T-note de dez anos à casa de 3,20%.

“O leilão de cinco anos gerou resultados fracos, com demanda estrangeira suave, demanda doméstica próxima da média e, como resultado, os dealers ficaram com mais oferta do que gostariam”, observa o economista Thomas Simons, do banco de investimentos Jefferies. “Os [preços dos] Treasuries caíram drasticamente no último mês, mas parece que os investidores do ‘buy side’ não têm confiança de que o ‘sell-off’ [venda generalizada de ativos] acabou.”

O câmbio, que tem operado bem atrelado ao exterior, também sentiu os reflexos do fraco leilão de Treasuries. Ontem, a moeda americana caiu a R$ 5,202 na mínima, mas ganhou força ao longo da tarde e encerrou negociado a R$ 5,2334, baixa de 0,37%.

“O ambiente global continua sugerindo um real mais fraco à frente. Os preços ainda elevados das commodities continuam restringindo uma desvalorização mais expressiva do real. No entanto, quanto mais as economias desenvolvidas avançam no aperto monetário, menos amigável o ambiente global se torna para o real”, apontam os economistas do Citi. Para eles, as incertezas domésticas ligadas à política fiscal também podem aumentar e pesar no câmbio. O Citi, assim, espera que o dólar encerre este ano em R$ 5,25.

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