Alta da Selic em setembro pode ser um equívoco: palavra do JPMorgan

Aumento de 1,5 ponto percentual é a principal aposta do mercado neste momento

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O Banco Central (BC) pode cometer um equívoco se subir a taxa básica de juros (Selic) em setembro, segundo o JPMorgan.

O ciclo de aumento de 1,5 ponto percentual é a principal aposta do mercado no momento, o que levaria a Selic dos atuais 10,5% para 12% ao ano.

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Isso em tese provocaria alguma convergência das expectativas de inflação em direção à meta.

A previsão do BC para a inflação daqui a 18 meses, que orienta as suas decisões de juros, está em 3,2%, acima da meta de 3%.

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Mas para o JP, essa estratégia seria um erro.

Isso porque cortes das taxas pelo Federal Reserve (Fed, BC dos Estados Unidos) devem contribuir para valorização do real.

Se isso acontecer, o receio de inflação pressionada no Brasil devido ao efeitos da escalada do dólar devem diminuir.

Além disso, diz o documento, o custo de apertar a política monetária pode não compensar. E ainda não dar o resultado esperado.

“O risco é que (…) o aperto pode ser excessivo, prejudicando o crescimento do PIB mais do que o necessário”, diz trecho do documento da equipe liderada por Cassiana Fernandez.

Selic: Copom com discurso mais agressivo

Até maio, o Copom vinha cortando juros.

A partir de então, a taxa parou de cair, com o órgão citando riscos externos e internos, especialmente o aumento das expectativas de inflação.

Nas últimas semanas, diretores do órgão endureceram o discurso em falas públicas.

O diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, disse que todos os nove diretores do Copom estão dispostos a subir a Selic, se necessário.

Galípolo é apontado como favorito para suceder Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro, junto com outros três diretores.

Os discursos públicos dos diretores atuais, no entanto, têm reforçado a dependência de dados, evitando dar orientações claras sobre os próximos movimentos.

Dentre esses dados estão os números de atividade econômica, que vêm surpreendendo para cima, também preocupando o BC.

Enquanto isso, a inflação do primeiro semestre foi benigna, segundo o JP, mas as expectativas de inflação permanecem acima da meta.

Olho no Federal Reserve

Para o JP, em vez de subir a Selic, o Copom deve ter paciência.

Primeiro porque o banco acredita que o Fed fará dois cortes de 0,5 ponto nas próximas duas reuniões.

Em tese, isso concorreria para uma valorização do real contra o dólar.

“Isso provavelmente reduzirá as previsões de inflação do BC para a inflação dos próximos 18 meses e sugerirá que não há necessidade de aumentar as taxas no curto prazo”, diz trecho do relatório.

Além disso, acrescentou o banco, o crescimento do PIB também deve desacelerar, uma vez que a taxa de juros atual já é restritiva.

Ademais, o efeito de gastos públicos sobre a inflação está moderando, considerou o JP.

“Esperamos que o BC espere até que esses três fatores – um Fed de corte de taxa, um impulso fiscal negativo e uma política rígida – comecem a afetar decisivamente a economia, a inflação e a taxa de câmbio.

Em conjunto, esses fatores naturalmente vão levar a inflação a perder força, levando o BC a recomeçar o ciclo de cortes da taxa em algum momento de 2025.

Então, subir a Selic agora pode até reforçar o compromisso do novo colegiado do Copom de combate à inflação. Mas a relação custo-benefício não compensa.

“Nossa aposta é de que o BC manterá (a taxa de juros), e depois fará cortes em direção a 9,5% até o final do ano que vem”, conclui o relatório.

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