Ajudinha do Fed vai limitar alta da Selic, segundo avaliação do JPMorgan

Para o banco de Wall Street, o cenário atual ainda não está claro o bastante para justificar a aposta majoritária do mercado por uma Selic mais alta

Imagem do J.P. Morgan. Foto: Romain Doucelin/Hans Lucas/Reuters
Imagem do J.P. Morgan. Foto: Romain Doucelin/Hans Lucas/Reuters

O juro provavelmente voltará a subir no Brasil nesta quarta-feira (18), segundo a previsão majoritária das instituições financeiras sobre a Selic. A aposta dominante é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a Selic, hoje em 10,5% ao ano, para 10,75%.

Porém, “o que vem depois dependerá especialmente do comportamento do crescimento econômico, inflação, expectativas de inflação e taxa de câmbio”, afirmou o JPMorgan em relatório nesta terça-feira (17).

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Ou seja, o banco de investimentos entende que o cenário ainda não está claro o bastante para sustentar a aposta majoritária do mercado.

A aposta dominante é de que a taxa básica brasileira irá a 12% ao ano até janeiro de 2025.

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Para o JP, contudo, a Selic vai subir até 11,5% anuais no começo do ano que vem e, depois, parar.

Federal Reserve começa a cortar juro nos EUA

Entre os fatores que podem evitar um aumento maior do juro brasileiro está o fato de o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) ir na mão contrária, diz o relatório.

Também na quarta-feira, a Super Quarta, o Fed deve iniciar uma fase de corte de juros nos EUA, hoje na faixa de 5,25% a 5,5% ao ano.

O corte do juro americano deve diminuir a atratividade do dólar, abrindo espaço para valorização de outras moedas, como o real brasileiro.

Uma valorização do câmbio no Brasil reduziria a pressão inflacionária adiante, dando mais margem para o BC modular a dose de aumento de juro aqui.

“Acreditamos que o BC não dará sinais claros sobre o ritmo e a extensão do ciclo geral, deixando a porta aberta para acelerar o ritmo, ou não”, afirmou o JPMorgan.

Selic e dados que preocupam o banco

O banco de Wall Street reconheceu que os indicadores de preços preocupam.

O IPCA teve deflação de 0,02% em agosto enquanto o mercado esperava pequena alta do índice.

Porém, alguns fatores sugerem que os riscos de alta são maiores para a previsão do banco para o IPCA de 2024, estimado em 4,2%.

“As secas registradas no país devem pressionar os preços, especialmente de alimentos e energia elétrica”, afirmam Cassiana Fernandez e equipe, que assinam o relatório.

Além disso, dados de atividade econômica seguem vindo acima das expectativas, incluindo informações de produção industrial e de vendas no varejo.

Por fim, há ainda dúvidas sobre os efeitos da política fiscal sobre a atividade e a inflação nos próximos trimestres.

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