Ações da Petrobras estão baratas diante da ingerência do governo, avaliam analistas

Estatal terá de reajustar combustíveis mais cedo ou mais tarde, dizem analistas de mercado

Fachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro — Foto: Reuters/Sergio Moraes
Fachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro — Foto: Reuters/Sergio Moraes

A Petrobras terá de reajustar preços mais cedo ou mais tarde com o aumento do petróleo para um patamar acima de US$ 120, na avaliação de analistas. Apesar do pedido do governo para que a estatal segure correções no diesel e na gasolina, prevalece entre investidores a percepção de que não será fácil mexer na marra na política de preços.

A lógica é que uma defasagem grande traria risco de desabastecimento, o que seria indesejável a poucos meses da eleição. Assim, mesmo em um dia de baixa no barril do Brent, com queda de 0,9% para US$ 121,17, as ações da Petrobras fecharam em alta na terça-feira (14).

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Na terça, os papéis ordinários (com voto) subiram 0,89%, para R$ 32,70, enquanto os preferenciais (sem voto) avançaram 1,13%, a R$ 29,60. A mesma tendência foi verificada nos recibos de ações (ADRs) negociados em Nova York, que avançaram 0,95% no horário regular do pregão e mais 0,47% no after-market.

Na avaliação de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, ontem houve um ajuste técnico. Os papéis tinham caído muito nos últimos pregões, e os investidores aproveitaram para comprar. Em oito sessões, as ações ordinárias acumularam queda de 4%. Com a alta de ontem ainda recuam mais de 3%:

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“Postergar reajustes não é a saída mais racional. Isso precisa ser feito, seja amanhã ou no mês que vem. O mercado sabe disso porque há uma defasagem muito grande que implica risco de desabastecimento”, diz Galdi.

Para Flavio Conde, da Levante Investimentos, as altas constantes do barril vão obrigar a estatal a corrigir preços. “Pagar caro pelo diesel é ruim, mas não ter é muito pior. Os caminhões ficam parados, as mercadorias não chegam e o PIB fica estagnado. Julho e agosto são meses de transporte de produtos agrícolas. Se não tiver diesel, até as exportações de commodities ficam prejudicadas.”

Para Deimon Feit, assessor de investimentos da Ável, a imagem da empresa fica desgastada com os episódios de interferência, o que já estaria refletido nos preços. “Esses fatores relacionados à interferência estatal, ao controle, à falta de independência na gestão prejudicam a visão do investidor.”

Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, dá a dimensão do desconto no preço do papel. “A Petrobras já tem desconto até mesmo em relação a petroleiras argentinas e russas, que estão em ambiente mais conturbado que o nosso. O mercado já sabe que essa dinâmica eleitoral pode piorar ainda mais isso.”

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