Matérias-primas, dólar e Treasuries perdem força com arrefecimento da aversão ao risco
Percepção dos investidores é de que guerra ficará restrita à Ucrânia e à Rússia
A percepção de que a guerra na Europa deve ficar restrita à Rússia e à Ucrânia diminui um pouco o movimento de aversão ao risco que fez as Bolsas desabar e ativos considerados porto seguro nas crises disparar nos últimos dias.
Os preços dos metais preciosos estão em queda. Por volta das 9h20, o ouro recuava 1,17%, para US$ 1.903 a onça troy, enquanto a prata caía 1,52%, a US$ 24,30 a onça troy.
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A tendência é semelhante entre os metais usados para a produção de bens duráveis e na construção civil. Na Bolsa de Metais de Londres (LME), o contrato de três meses de alumínio cai 0,5%, para US$ 3.379 por tonelada métrica. Quanto ao minério de ferro, a intervenção dos reguladores chineses ajuda a esfriar os preços. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China disse na quarta-feira (23) que reduzirá o período de armazenamento gratuito de minério de ferro e aumentará os custos de estocagem nos portos para evitar excesso de estoque. Na Bolsa de Mercadorias de Dalian, o contrato de minério de ferro mais negociado, o de maio, cai 1,3%, para US$ 693,50 a tonelada.
O contrato futuro para maio do petróleo tipo Brent, referência global, oscilava perto da estabilidade. No meio da manhã, subia 0,33%, a US$ 99,41 o barril. Na quinta (24), os preços do combustível chegaram a ficar acima de US$ 100 por barril, atingindo os níveis mais altos desde 2014. Depois, da divulgação de uma nova rodada de sanções dos Estados Unidos contra a Rússia, passou a cair. Segundo o presidente americano, Joe Biden, o pacote de sanções é “especificamente projetado para permitir que a oferta de energia continue”. Para o estrategista global do Rabobank, Michael Every, as exportações russas de energia e alimentos não foram afetadas porque os EUA não querem esses preços ainda mais altos.
O dólar e os Treasuries, os títulos do Tesouro americano, também se desvalorizam hoje. “Tendo em conta que a vasta maioria da dívida global está denominada em dólar, os movimentos de fuga do risco como agora geralmente resultam em uma procura por ativos americanos, diz Murray Gunn, analista da consultoria Elliot Wave. Mesmo concentrada em uma região, o conflito armado alivia a perspectiva de altas mais agressivas na taxa de juros dos Estados Unidos pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano). “Como o Fed já foi visto como estando ‘atrás da curva’, dificilmente os acontecimentos na Europa irão detê-lo de subir a taxa no próximo mês. Considerando-se os riscos econômicos e a volatilidade [dos mercados globais], a guerra irá pelo menos moderar as apostas mais agressivas”, escreveram analistas do Banco de Montreal em relatório a clientes.
No mercado futuro, a chance de aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos EUA em março segue majoritária, com 82,8%, com o restante (17,2%) indicando possibilidade de alta maior, de 0,50 pp.
(Com informações do Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico)