Gestor de mais de R$ 25 bilhões acredita em ‘preço de equilíbrio’ do dólar em R$ 4

Walter Maciel, CEO da AZ Quest, explica que balança comercial abriu tendência favorável para fechar 'boca de jacaré' entre dólar e real

Walter Maciel, CEO da AZ Quest: 'preço de equiliíbrio justo' do dólar é R$ 4. Foto: Divulgação
Walter Maciel, CEO da AZ Quest: 'preço de equiliíbrio justo' do dólar é R$ 4. Foto: Divulgação

O dólar chegou próximo da máxima para 2024 com a recente valorização sobre o real e hoje está cotado em torno de R$ 5,40. Mas, para Walter Maciel, CEO da AZ Quest, o “preço de equilíbrio” da moeda contra o real “deveria ser próximo de R$ 4”. A conclusão do diretor-executivo da gestora se baseia principalmente em “mudanças estruturais” na balança comercial brasileira, que bateu recorde de US$ 98 bilhões no ano passado.

Segundo Maciel, essa tendência deve continuar para 2024.

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“Somente até maio a nossa balança comercial já atingiu saldo positivo de US$ 36 bilhões, o que é um recorde”. Mas o estresse recente nos mercados locais enfatiza que uma desvalorização do real e apreciação do dólar “depende primordialmente de nós”, diz o CEO da AZ Quest.

A ‘boca de jacaré’ do dólar contra o real

O “preço justo” do dólar a R$ 4 no longo prazo se sustenta em uma “boca de jacaré” do dólar contra o real. Walter Maciel explica que o o dólar ultrapassou o termo de troca do Brasil, medido pelo volume e preço médio de exportações contra importações, em 20%.

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“Quando você vai olhar qual o preço justo de uma moeda, você olha para os termos de troca. E hoje existe uma boca de jacaré, desde que começou a ficar no ‘vai ter golpe ou não vai ter golpe’. O dólar abriu, tentou fechar, voltou a abrir e hoje apresenta uma margem acima de 20%”, diz o CEO da AZ Quest.

A expansão da balança comercial, ao mesmo tempo, deve aumentar o acesso do Brasil ao dólar.

Por sua vez, a procura pelo real no cenário internacional pode aumentar e, então, fortalecer a moeda nacional. O carro-chefe desta mudança no câmbio deve ser a exploração de petróleo, com a Petrobras na vanguarda.

“Não creio em desvalorização adicional do real. Pode acontecer no curto prazo? Pode. Mas não creio porque todos os fatores macroeconômicos apontam para uma valorização do real.”

Ao mesmo tempo, Maciel reconhece que o real pode não ir no mesmo sentido do preço de equilíbrio de R$ 4.

Valorização do real ‘depende de nós’, diz CEO do AZ Quest

Maciel reconhece que o cenário interno se deteriorou no Brasil.

Em evento na sexta-feira passada, o gestor comentou que o governo lança mão de “surpresas”, o que atrapalham a trajetória do mercado financeiro e levam à alta do dólar.

Para o CEO da AZ Quest, hoje os preços de bolsa e do dólar, além dos juros futuros, “estão sendo muito mais impactados pela expectativas, pela volatilidade e surpresas constantes”.

O gestor cita, por exemplo, ruídos sobre dividendos da Petrobras. “Para quê se destruiu o valor todo a toa?”, indagou.

Para ele, um discurso “mais conciliatório” por parte do governo federal poderia ajudar a acomodar expectativas do mercado e, portanto, os preços.

Hoje, o real se encontra cada vez mais desvalorizado contra o dólar porque “existe receio de que o arcabouço fiscal não se materialize”

“Acho que isso primordialmente depende de nós.”

Mas Walter Maciel afirma que o principal obstáculo para uma eventual queda da Selic é o futuro dos juros nos Estados Unidos.

“O maior obstáculo para a queda de nossa taxa de juros é a taxa de juros nos Estados Unidos. Evidente que se o governo tivesse um discurso de cortar gastos e melhorar o fiscal, abriria um vão para a taxa cair. Mas independente disso, no momento em que a inflação dos Estados Unidos cair, vamos ter uma virada de expectativa para cá muito grande, independente do que acontecer, só não sei quando.”

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