Presidente da CVC (CVCB3) diz que modelo de negócio do Hurb ‘é pegar dinheiro emprestado do cliente’

Sem citar diretamente concorrentes, Leonel Andrade criticou a prática de 'venda a descoberto'

Leonel Andrade, que agora deixa o cargo de CEO da CVC (CVCB3). Foto: Nilani Goettems/Valor/Arquivo
Leonel Andrade, que agora deixa o cargo de CEO da CVC (CVCB3). Foto: Nilani Goettems/Valor/Arquivo

O presidente da CVC (CVCB3), Leonel Andrade, fez duras críticas ao modelo chamado de venda descoberta no turismo. Apesar de não ter citado nominalmente concorrentes, a prática é o centro do negócio do Hurb, que está mergulhado em uma crise financeira e de imagem após não conseguir cumprir pacotes ofertados na pandemia.

O executivo defendeu ainda uma maior regulação do setor para evitar “sustos” no futuro.

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A modalidade de venda descoberta ocorre quando as empresas vendem pacotes com muita antecedência da viagem, acima de um ano, o que faz com que o cliente não receba de imediato a confirmação e os bilhetes aéreos, por exemplo. Aéreas não vendem passagens com mais de 11 meses de antecedência.

Desta forma, qualquer pacote com mais do que esse prazo seria uma promessa de viagem e que não estaria garantida.

“Sempre fui muito crítico à venda a descoberto. Vender produto sem entregar no ato um código de reserva, passagem emitida… Eu acho que isso não é venda de viagem. É tomar dinheiro de cliente emprestado sem os clientes saberem. A gente vende viagem. Não vendemos o que não pode ser entregue com certeza”, disse, em teleconferência de resultados na tarde desta quarta-feira.

O executivo criticou ainda o que chamou de falta de regulação do setor de turismo.

“A gente paga aqui por ser uma empresa aberta. Todos os nossos números são conhecidos. O setor de turismo no Brasil precisa de regulação rápida e seria. Toda empresa com mais de R$ 200 milhões ou R$ 300 milhões em viagens vendidas deveria ter balanço auditado. Sem isso, vamos continuar tendo sustos. Infelizmente, nosso mercado carece de regulação”, afirmou.

Ele defendeu que a falta de regulamentação faz com que clientes e até empresas parceiras sejam ludibriadas.

“No final, o problema é de todos. Quando um competidor grande tem problemas isso afeta todo mundo”, disse.

O executivo afirmou ainda que depois de superado o período de alerta provocado pela pandemia, a empresa se voltou agora para duas prioridades: ampliar vendas e melhorar a eficiência operacional. “Neste trimestre, apesar de não satisfeito com o ‘take rate’ [percentual da receita líquida sobre as reservas], vejo melhora consistente porque nossa perfomance de venda tem voltado”, disse.

“Nossa capacidade de fazer negocio esta cada vez melhor, ao mesmo tempo que nossa eficiência está melhor e estará cada vez melhor”, disse, em referência a ganhos após os avanços tecnológicos do grupo.

Sobre o take rate, o executivo apontou melhora para os próximos trimestres, com a saída de produtos exclusivos que não foram bem, como cruzeiros temáticos e parcerias exclusivas de eventos como Fórmula 1 e Rock in Rio.

Há ainda a menor presença de promoções entre as viagens a serem consumidas nos próximos meses — o primeiro trimestre abraçou cerca de 50% das viagens vendidas na Black Friday.

“Em janeiro, fevereiro e março tivemos grande volume de venda no B2C, que voltou a crescer e que tem mais margem. O crescimento de B2C traz valor agregado enorme. Ele carrega take rate maior e esse take rate do primeiro trimestre teve nenhuma promoção de margem. Lançamos promoções, mas por parcerias”, disse.

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