Copel (CPLE6) contrata bancos e avança na privatização

A oferta de ações da estatal paranaense é inspirada no modelo da Eletrobras

Fachada da Copel (CPLE3, CPLE6). Foto: Divulgação
Fachada da Copel (CPLE3, CPLE6). Foto: Divulgação

A Copel (CPEL6) deu mais um passo no seu processo de privatização. Ela fechou como sindicato de bancos que irá conduzir a oferta subsequente de ações (follow-on) que resultará na sua privatização.

Farão parte o banco BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e o Brasil Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, que serão os coordenadores na estruturação da potencial oferta.

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A oferta de ações da estatal paranaense é inspirada no modelo da Eletrobras. O recente anúncio dos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda em estabelecer bônus de outorga de R$ 3,71 bilhões para a renovação da concessão de três usinas hidrelétricas da Copel foi considerado como aceno de que a União não vai interferir na privatização da elétrica.

“O primeiro passo é a estruturação da potencial oferta com o engajamento do sindicato dos bancos e a partir de agora vamos começar o trabalho de ‘investor education’, ou seja, contactar os investidores, falar da potencial oferta”, disse o CEO da empresa, Daniel Slaviero, ao Valor.

O Estado do Paraná é o controlador e pretende diluir na operação para 10% do capital ordinário (hoje são 69,7%) e para 15% do capital total (31,1% atualmente). Além disso, terá uma ação de classe especial, “golden share”, com poder de veto, que visa garantir os investimentos da Copel Distribuição, principal braço da companhia.

O governador Ratinho Jr. (PSD) conseguiu com facilidade o aval na assembleia, mas outras etapas ainda precisam ser concluídas, como a definição do preço mínimo do preço de venda das ações pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE).

Resta saber também se o BNDES, que tem parte relevante na elétrica, irá vender ações. A BNDESPar, empresa de participações societárias do banco, disse em entrevista feita em março ao Valor que a venda massiva de ações de companhias nas quais é sócia não é uma estratégia e até o momento o banco não se posicionou formalmente sobre o assunto.

Soma-se que a decisão do governo federal de ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a regra que limita o poder de voto na Eletrobras acendeu o alerta de que isso possa atrapalhar a privatização da Copel e de outras estatais, caso o STF conceda a liminar permitindo o voto proporcional.

Entretanto, o aval da União na concessão dos ativos da Copel e a conclusão do sindicato de bancos é entendido como sinais de que a transformação da companhia em uma “corporation” segue independente de qualquer coisa e deve pressionar o BNDES a tomar uma decisão sobre o assunto em breve.

A empresa foca neste momento na renovação da concessão de três hidrelétricas. O valor da outorga precisa ainda ser apreciado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o sorteado para ser o relator é o ministro Antônio Anastasia. A empresa precisará ainda fazer um esforço de caixa que deve passar por uma captação primária.

Se tudo caminhar como previsto, a empresa ganha o direito de mais 30 anos para explorar os ativos, que somam 4,17 gigawatts (GW) de potência e representam 62% da capacidade de geração da Copel. Mesmo com tantas etapas, Slaviero prevê que tudo deverá se concluir até outubro deste ano.

Por Robson Rodrigues, do Valor Econômico

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