Conflito no Oriente Médio pode endurecer luta do Banco Central contra inflação

Guerra tende a elevar os preços do petróleo, assim como a cotação do dólar, podendo levar a Selic mais para cima

Fumaça de explosão provocada por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza. Foto: HATEM MOUSSA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Fumaça de explosão provocada por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza. Foto: HATEM MOUSSA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A escalada do conflito no Oriente Médio e seus possíveis desdobramentos econômicos podem resultar em Selic alta por mais tempo. Isso segundo economistas e analistas.

Como resultado do lançamento de centenas de mísseis do Irã contra Israel na terça-feira (1), os preços internacionais do petróleo dispararam.

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Dessa forma, o valor barril do óleo do tipo brent subiu 2,6%, indo a US$ 73,56.

Além disso, o dólar subiu contra outras moedas, inclusive avançando 0,31% em relação ao real, a R$ 5,46

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O ataque iraniano veio após uma sucessão de bombardeios de Israel contra líderes do Hezbollah, organização paramilitar fundamentalista islâmica que atua no Líbano.

“O contra-ataque do Irã traz incertezas aos bancos centrais”, afirmou o consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo.

Segundo ele, dados setoriais indicavam que havia espaço para algum corte nos preços da gasolina e do diesel no Brasil.

Dessa forma, isso seria oportuno para o Brasil, especialmente diante dos impactos da estiagem e das queimadas, que devem levar a inflação a se aproximar do teto da meta para 2024, analisou ele.

“No entanto, este espaço deve desaparecer com a escalada dos preços e a resiliência da moeda americana”, acrescentou Galhardo.

“O petróleo tende a subir muito, o que obviamente é inflacionário”, concordou a economista-chefe da boutique de investimentos B,Side.

“Mas o dólar tende a se apreciar também”, acrescentou a especialista.

Em outra frente, se o conflito levar a uma desaceleração econômica global, a procura por produtos brasileiros pode cair, resultando numa redução das exportações do país, ponderou o professor da FIA Business School, Arnóbio Durães.

Por outro lado, “o Brasil pode se beneficiar de uma maior demanda por biocombustíveis; (…) e a valorização das commodities agrícolas pode ser mantida”, ressalvou.

Reação dos mercados ao conflito no Oriente Médio

Os principais índices das bolsas de Nova York tiveram queda na terça-feira. O Nasdaq perdeu 1,53% e o S&P 500 recuou 0,93%.

Já o Ibovespa foi na contramão e subiu 0,51%, a 132.495 pontos, movimento explicado em parte pela alta de quase 3% das ações da Petrobras (PETR4).

O receio de analistas é de que a extensão do conflito resulte em menor oferta de petróleo, elevando os preços da commodity.

Irã e países próximos, como Iraque e Arábia Saudita, estão entre os maiores produtores de petróleo do mundo.

Cotações mais altas do produto, combinadas com uma apreciação do dólar, poderiam ampliar as pressões sobre o câmbio com consequências inflacionárias.

Como resultado, o Banco Central poderia ter de apertar ainda mais a política monetária, elevando a Selic ou mantendo-a em níveis mais altos por um período maior.

Em 18 de setembro, o BC elevou a taxa básica, de 10,5% para 10,75% ao ano, já manifestando preocupação com os índices de preços acima da meta.

A expectativa média do mercado é de que o juro básico do Brasil siga subindo nos próximos meses, podendo chegar a 12% anuais em janeiro.

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