Chinesa Great Wall Motor fecha sede na Europa e demite todos os funcionários, dizem fontes

Após resultados fracos, empresa também interromperá os planos de expansão para a Áustria e Suíça

SUV híbrido Haval H6, produzido pela GWM
SUV híbrido Haval H6, produzido pela GWM

A montadora chinesa Great Wall Motor está fechando sua sede europeia em Munique (Alemanha) em 1º de agosto e demitindo todos os cem funcionários, incluindo a equipe de gestão, após vendas decepcionantes de veículos elétricos no maior mercado automotivo do continente, apurou o Nikkei Asia.

Ela também interromperá os planos de expansão para a Áustria e Suíça. Com isso, atenderá os mercados europeus a partir da China.

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Um funcionário sênior da sede de Munique que trabalhava para a Wey, uma das marcas de veículos elétricos da Great Wall, chamou isso de “um negócio sujo às custas dos funcionários”. Ele não quis ser identificado.

Separadamente, um ex-funcionário da Great Wall na Alemanha disse ao Nikkei Asia que o anúncio de fechamento da sede europeia foi feito em 28 de maio. A Great Wall não pôde ser contatada para comentar por telefone ou e-mail.

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Great Wall Motor na Europa

Até recentemente, a Great Wall tinha grandes planos de expansão para a Europa, incluindo a construção de sua fábrica própria no continente. A empresa queria vender 1 milhão de carros no exterior até 2025, uma meta que recentemente foi adiada para 2030.

O Nikkei Asia relatou no início desta semana que a SVOLT, desmembrada da Great Wall, havia interrompido os planos de construir uma fábrica de células de bateria em Lauchhammer, no estado de Brandemburgo, no leste da Alemanha, após o cancelamento de um grande pedido de cliente.

A ação da SVOLT segue a da fabricante chinesa rival de baterias Contemporary Amperex Technology (CATL), que descartou os planos de expandir sua primeira fábrica de células fora da China, na cidade de Arnstadt, no leste da Alemanha, onde a produção começou no início de 2023, também citando baixa demanda.

A CATL está, em vez disso, montando uma nova fábrica na Hungria, onde os custos são mais baixos e o governo está interessado em investimentos chineses.

Somente 247 carros em abril

A Great Wall estava oferecendo seus carros elétricos e híbridos plug-in sob as marcas Ora e Wey. Na Alemanha, ela é conhecida principalmente pelo Ora 03, um carro compacto vendido por cerca de 40 mil euros (US$ 43.300). No início do ano, o carro estava sendo promovido por apenas 27 mil euros.

No início deste ano, os sistemas de assistência ao motorista do Ora 03 receberam notas baixas em testes de segurança pela revista alemã Auto Motor und Sport. Os avaliadores descobriram que, com o sistema de alerta de saída de faixa ligado, o carro foi direto para uma vala.

De acordo com a Autoridade Federal de Transporte Motorizado, a Great Wall só conseguiu vender 247 carros em abril no país, em comparação com os 9.106 da Hyundai e os 7.504 da Toyota.

BYD também vai mal na Alemanha

A Great Wall não está sozinha em baixas vendas na Alemanha. Quando a fabricante chinesa rival BYD atracou no início deste ano no porto de Bremerhaven, no norte da Alemanha, com seu primeiro navio de carga próprio trazendo 3 mil carros elétricos da China, os políticos locais e a indústria automobilística ficaram indignados com uma enxurrada de carros chineses baratos.

Eles não precisavam se preocupar. Apenas 183 modelos BYD foram vendidos na Alemanha em abril, de acordo com a Autoridade Federal de Transporte Motorizado, ficando atrás até mesmo da Great Wall.

Um dos principais motivos para a queda na demanda é que Berlim cortou abruptamente os subsídios dos compradores para compras de elétricos no fim de 2023 como uma medida de emergência para tapar um buraco fiscal.

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Carros elétricos perdem força

Como resultado, a participação de carros elétricos em todos os novos registros caiu 2,5 pontos percentuais no ano em abril para apenas 12,2%. Os veículos a gasolina ainda tinham, de longe, a maior participação de novos registros no país, com 37,3%.

Para as montadoras, o corte de subsídios da Alemanha se soma à proibição da União Europeia, efetiva em 2035, de todos os carros novos que emitem dióxido de carbono.

No entanto, alguns observadores dizem que a Great Wall não pode culpar todos os seus problemas por fatores externos. Ferdinand Dudenhoeffer, diretor do Center Automotive Research em Bochum, Alemanha, acredita que a Great Wall tropeçou na Europa sem um perfil claro.

“Quando eles não sabiam o que fazer, eles atiraram no próprio pé com descontos, e então veio a ideia equivocada de entrar no mercado com várias marcas de uma vez, como Wey ou Ora, que eram todos a mesma coisa”, disse Dudenhoeffer à “Nikkei Asia”.

Com informações do Valor Econômico

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