CEO do Silicon Valley Bank vendeu US$ 3,6 milhões em ações dias antes de falência, diz jornal

Empresa é protagonista da maior falência bancária desde a crise financeira de 2008

Logo do Banco do Vale do Silício (SVB, em inglês); ações derretem na Nasdaq após recomendação de fundo para sacar dinheiro. Foto: Dado Ruvic/Reuters
Logo do Banco do Vale do Silício (SVB, em inglês); ações derretem na Nasdaq após recomendação de fundo para sacar dinheiro. Foto: Dado Ruvic/Reuters

O CEO do Silicon Valley Bank (SVB), Greg Becker, vendeu o equivalente a US$ 3,6 milhões em ações do banco na semana anterior à sua falência, segundo o “The Wall Street Journal”.

Autoridades regulatórias dos Estados Unidos fecharam a instituição nesta sexta-feira (10), na maior falência bancária dos EUA desde a crise financeira de 2008.

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Segundo documentos da empresa obtidos pelo jornal, a venda ocorreu no dia 27 de fevereiro, quando um fundo de propriedade de Becker também adquiriu opções no valor de US$ 1,3 milhão.

As negociações para essa data foram acertadas em 26 de janeiro, com base em uma regra da SEC (a comissão de valores mobiliários americana) que permite agendamento de vendas com antecedência para evitar suspeitas de “insider trading” (uso de informação privilegiada em operações financeiras).

A movimentação foi feita antes de o banco divulgar na quarta-feira (8) que havia registrado um prejuízo líquido de US$ 1,8 bilhão com a venda de parte de sua carteira de investimentos.

O SVB também informou na data que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões em novos financiamentos para cobrir as perdas.

Procurado pelo “The Wall Street Journal”, Greg Becker não respondeu a pedidos de comentários até a publicação do texto.

Sob o impacto da falência do SVB, as principais Bolsas do mundo fecharam o dia em queda. Nos Estados Unidos, o Dow Jones caiu 1,07%, o S&P 500, 1,45%, e a Nasdaq, 1,76%. A Bolsa da Argentina teve baixa de 4,50%. Na Europa, os índices de Alemanha, Inglaterra e França também recuaram.

A queda do Ibovespa também foi acentuada pela crise do banco norte-americano. O índice registrou 103.618 pontos no fechamento, queda de 1,38%.

Os problemas do SVB decorrem de uma decisão tomada no auge do boom tecnológico de aportar US$ 91 bilhões de seus depósitos em títulos de longo prazo, como títulos hipotecários e do Tesouro dos EUA, que eram considerados seguros, mas agora valem US$ 15 bilhões a menos do que quando o banco os comprou, depois que o Federal Reserve (o banco central americano) aumentou agressivamente as taxas de juros.

O impacto dos problemas do banco poderá ser sentido amplamente. A instituição é a parceira bancária de metade das empresas americanas de tecnologia e ciências da vida apoiadas por capital de risco, e é uma grande presença na oferta de linhas de crédito para o setor de capital privado de US$ 10 trilhões.

No entanto, o SVB é pequeno em comparação aos maiores bancos dos EUA. A instituição financeira controlava US$ 209 bilhões em ativos, contra mais de US$ 3 trilhões do JPMorgan Chase, a maior empresa do setor, por exemplo. A maior preocupação do ponto de vista do sistema financeiro está na possibilidade de que clientes de outros bancos corram para sacar seus depósitos, o que geraria um efeito cascata no sistema financeiro.

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