Guillen: Queremos ver como câmbio vai afetar projeções de inflação
Para diretor de política econômica do BC, ata da última reunião do Copom mostra que se os movimentos de expectativa do câmbio se mostrarem persistentes, impactos inflacionários podem ser relevantes e serão incorporados pelo comitê
O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, explicou nesta quinta-feira, no Rio, a colocação do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a correlação entre câmbio e projeção de inflação. Segundo Guillen, na ata da última reunião foi apontado que, se os movimentos de expectativa se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários podem ser relevantes e serão incorporados pelo comitê.
“[A expectativa de inflação] não tem relação mecânica com o câmbio, o que a gente quer ver é como esse câmbio vai afetar a projeção [de inflação], e aí é um regime de metas de inflação que a gente vai atuar, mas não é dizer um número de câmbio para determinar uma taxa de juros, acho que não é esse o caminho”, afirmou.
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O diretor participou da 7ª edição da semana de mercado financeiro organizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Guillen observou ainda que o processo de desinflação arrefeceu. Segundo ele, desde dezembro de 2022, o Copom começou a falar sobre desinflação em dois estágios.
“No primeiro, parecia que a desinflação ia ser fácil, porque você tem uma queda de bens industriais, queda de commodities, reduz a inflação cheia, a ‘headline’. E você tem o segundo estágio, que é realmente olhar a inflação de serviços, como ela é puxada pelas expectativas, pelo hiato e pelos determinantes de médio e longo prazo”, comentou.
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O diretor afirmou que agora o país está nesse segundo estágio, em que há um arrefecimento e a inflação fica mais próxima dos núcleos, entre 3,5% e 4%.
“A inflação de bens industriais e de alimentação contribuiu muito para a desinflação, mas no período mais recente deixou de influenciar para essa desinflação mais geral. Passa a ser com um cenário mais pautado pelos determinantes usuais da economia e inflação de serviços”, disse.
Ele também pontuou que, mais importante do que discutir a causa da inflação, é o reconhecimento de que está desancorada, “que causa desconforto” e que tem que ser combatida.
Ainda em relação às projeções, o diretor destacou a inflação implícita. “Uma coisa que eu queria jogar luz é a gente usar a inflação implícita para tentar tirar prêmio de inflação e utilizar mais uma meta de expectativa de inflação.”
Com informações do Valor Econômico