Arcabouço fiscal pode finalmente ter desfecho; inflação de serviços será ponto de atenção no IPCA-15

Na cena externa, investidores esperam sinais de estímulos da China e aguardam discurso de Jerome Powell em Jackson Hole

Arthur Lira (presidente da Câmara) e Fernando Haddad (ministro da Fazenda) durante entrevista coletiva. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Arthur Lira (presidente da Câmara) e Fernando Haddad (ministro da Fazenda) durante entrevista coletiva. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Debates e discursos devem ditar os rumos nos mercados em uma nova semana esvaziada de indicadores relevantes. A seguir, a Inteligência Financeira apresenta o calendário econômico dos fatos mais importantes dos próximos dias.

Aqui no Brasil, a expectativa é de que o arcabouço fiscal seja votado definitivamente no plenário da Câmara na terça-feira (22). Antes, porém, as lideranças partidárias tentarão chegar a um acordo sobre as mudanças no texto que foram feitas no Senado.

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Relembrando, o projeto limita o aumento das despesas primárias do governo federal em até 70% do crescimento da receita, dentro do intervalo de 0,6% a 2,5% acima da inflação.

O Senado, entre os principais ajustes, retirou do limite de gastos o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) e despesas com ciência, tecnologia e inovação.

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A Câmara agora avalia se mantém ou derruba as exceções incluídas pelos senadores na proposta.

Ao mesmo tempo em que a nova regra fiscal caminha para um desfecho, o governo Lula pode anunciar a minirreforma ministerial, para acomodar integrantes do Centrão, ampliar a base no Congresso e destravar outras agendas.

Isso ainda não é um consenso, o que deixa no radar a chance de o projeto que substitui o teto de gastos ter a apreciação postergada mais uma vez, se houver novas divergências, principalmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Powell em Jackson Hole

Os agentes financeiros também estarão de olho nos sinais enviados pela China. A fraqueza do setor imobiliário tem causado muita preocupação, diante do risco de contágio em outro setores e uma ameaça de problemas de pagamentos, resultando em prejuízo a grandes investidores.

Assim, todo movimento do gigante asiático para lidar com as incertezas vai influenciar diretamente o desempenho das commodities, especialmente o minério de ferro e o petróleo. Ou seja, impactará as duas empresas de maior peso na bolsa brasileira: Vale e Petrobras.

Ainda na cena externa, ocorre nos Estados Unidos o simpósio de Jackson Hole, que reúne banqueiros centrais, formuladores de políticas, acadêmicos e economistas de todo o mundo.

O discurso mais esperado é o de Jerome Powell, que comanda o Federal Reserve (o poderoso BC norte-americano). As falas de Powell serão acompanhadas com mais atenção em um momento em que o mercado avalia com lupa os rumos da política monetária do país.

A resposta (ou pista) que todo mundo quer é se o Fed promoverá um novo aumento de juros para convergir a inflação à meta ou se o ciclo de aperto já é suficiente para o processo desinflacionário avançar dentro do esperado.

Olho na inflação de serviços

Por fim, o indicador econômico mais quente da semana é o IPCA-15 de agosto. A prévia da inflação oficial brasileira não deve captar o reajuste nos preços da gasolina e do diesel, já que a leitura foi feita antes do anúncio da Petrobras.

Mesmo descalibrado, o índice deve trazer informações importantes. Os agentes aguardam especialmente os números relacionados ao setor de serviços.

Os dados têm sido citados reiteradamente pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e demais dirigentes que integram o Copom (Comitê de Política Monetária), como fator de atenção.

A desinflação do segmento, segundo eles, tem sido mais resiliente em relação ao ritmo do índice geral.

Por que isso importa? Bom, todos os discursos são de que a Selic irá cair em um ritmo de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.

No entanto, uma acomodação consistente nos preços de serviços tendem a alimentar apostas em cortes mais intensos da taxa básica de juros, como de 0,75 ponto.

Além disso, para conferir também no IPCA-15, recuos maiores nos preços de alimentos e da energia elétrica podem compensar a pressão da alta dos combustíveis nas próximas sondagens.

Calendário econômico – 21 a 25 de agosto

Segunda (21)

8h25: Boletim Focus do Banco Central
Sem horário: reunião de lideranças para definir votação do arcabouço fiscal

Terça (22)

05h15: Início da reunião do Brics, bloco de países emergentes, na África do Sul
Sem horário: votação do arcabouço fiscal no plenário da Câmara

Quarta (23)

05h: PMI Composto S&P Global de agosto da zona do euro
05h: PMI do setor de serviços de agosto da zona do euro
10h45: PMI Composto S&P Global de agosto dos Estados Unidos
10h45: PMI do setor de serviços de agosto dos Estados Unidos

Quinta (24)

09h: Início do Simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos

Sexta (25)

08h: Sondagem do consumidor de agosto (Ibre-FGV)
08h30: Estatísticas do setor externo de julho (Banco Central)
09h: IPCA-15 de agosto (IBGE)
11h05: Discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), no Simpósio de Jackson Hole

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