Ata do Copom diz que momento pede serenidade e moderação na condução da política monetária

Comitê avalia progresso desinflacionário relevante, mas diz que há longo caminho a percorrer

Integrantes do Copom, que decidem a taxa Selic no Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Integrantes do Copom, que decidem a taxa Selic no Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Há um longo caminho a se percorrer no que diz respeito ao retorno da inflação para a meta. E isso exige serenidade na condução da política monetária. Eis o principal recado da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (6).

“O Comitê avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo Comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária”, atesta o documento.

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Ainda de acordo com a ata, a incerteza no cenário internacional recomenda cautela dos agentes que cuidam da política monetária nacional.

“Além disso, a incerteza em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela na condução da política monetária”, descreve o comunicado.

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Vale lembrar que o Copom, como era amplamente esperado pelo mercado, reduziu a taxa Selic para 11,25% na sua última reunião da semana passada. O Comitê também indicou novos cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões do colegiado.

Ata do Copom: cenário interno caminha conforme o esperado

Ainda de acordo com a ata do Copom, o cenário doméstico “vem se encaminhando em linha com o que era esperado”.

Assim, o Comitê concluiu que a trajetória desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços prossegue. “Além disso, dados recentes sugerem moderação da atividade econômica, como antecipado pelo Comitê.”

Dessa forma, após a análise do cenário, informa a ata, todos os membros concordaram que era apropriado reduzir a Selic em 0,50 ponto de “forma a ajustar o grau de aperto monetário prospectivo”.

Taxa Selic: o que esperar para o futuro

Então, olhando para frente, a ata informa que o colegiado debateu a extensão do ciclo de ajustes da política monetária.

E o Comitê, informa o comunicado, entende a necessidade de manutenção da atual estratégia.

“O Comitê percebe a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”, afirma a nota divulgada pelo Banco Central.

Para finalizar, os membros, na ata do Copom, “anteveem redução da mesma magnitude nas próximas reuniões”. E, assim, “avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”

Ainda na ata, o Comitê avalia que a taxa de inflação oficial, tão debatida pelo colegiado, encontra-se em torno de 3,8% e 3,5% para os anos de 2024 e 2025, respectivamente.

E a política monetária nos Estados Unidos, influencia?

Por fim, no relatório, o Copom deixa claro não haver relação entre a política monetária norte-americana com a nacional. O trecho é bastante claro a respeito.

Assim, a ata descreve: “O Comitê relembra que não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros doméstica e que, como usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna”.

Dessa forma, em recente relatório divulgado, o Itaú Unibanco entende que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve iniciar o ciclo de cortes de juros em maio.

“Powell indicou que não deve começar cortes em março, nosso cenário anterior, mas descreveu um cenário de inflação favorável para um início breve, tornando o início de cortes na reunião seguinte, em maio”, diz o texto assinado por Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú e colunista da Inteligência Financeira.

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