Assaí estuda cortar investimentos e vender lojas após alta no custo de capital

Presidente da rede de atacarejo diz que não há discussão para oferta de ações neste momento

Loja do grupo de atacarejo Assaí (ASAI3). Foto: Divulgação
Loja do grupo de atacarejo Assaí (ASAI3). Foto: Divulgação

O comando da rede de atacarejo Assaí (ASAI3) disse nesta terça-feira, em teleconferência relativa à proposta da administração para 2023, que está revisando investimentos e pode reduzir montante ou vender ativos, como lojas próprias, por conta do aumento do custo do capital com a escalada dos juros básicos (Selic).

Dias atrás, rumores surgiram no mercado a respeito da hipótese de a empresa fazer uma oferta primária de ações, e nesta terça-feira, Belmiro Gomes, presidente da empresa, citou essa questão, negando a hipótese de uma oferta, e ressaltando que a companhia tem outros caminhos para obter recursos, sem ir ao mercado e sem precisar aumentar o endividamento.

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A ideia de uma oferta de ações foi mal recebida pelo mercado — o papel caiu no dia 22 de março, após conversas da direção com bancos — em parte porque o controlador Casino estava avançando no plano de oferta secundária, já finalizada, e já haveria aumento considerável do volume de papéis em negociação em bolsa.

A companhia vem buscando reduzir níveis de endividamento, e dentro desse contexto — e também pelas maiores pressões com a taxa Selic — entende que o caminho de venda de ativos ou revisão de investimentos faz mais sentido no curto prazo. Mas a direção destaca que a questão ainda está em avaliação no grupo.

Não há uma discussão de oferta primária neste momento. O que temos é uma discussão, ainda em andamento, sem decisão tomada, de revisão de investimentos orgânicos em 2023 e 2024, para fazer frente ao aumento do custo da dívida

Belmiro Gomes, CEO do Assaí Atacadista

“Pela pressão de juros, e alavancagem maior, é mais fácil uma revisão de investimentos ou venda de ativos de lojas próprias. Falo isso porque há outras cartas na mesa antes de uma primária”, disse o executivo.

Gomes afirmou que há 22 obras de lojas em andamento neste momento, com conversões de unidades que abrigavam o hipermercado Extra em Assaí, e isso está mantido “por enquanto”, afirmou.

“Se formos a uma Selic de 16%, 17% ao ano, aí a empresa vai cortar investimentos, mas hoje a questão ainda está em estudo e pode ter ou não mudanças nos planos de 2023 e 2024”.

Varejistas vêm anunciando iniciativas de proteção de caixa e revisão de investimentos há algumas semanas.

A previsão deste ano do Assaí, a princípio, continua sendo 19 conversões de Extra em Assaí e cerca de 20 inaugurações de lojas novas.

A companhia encerrou o quarto trimestre com uma relação dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês) ajustado de 2,19 vezes — um ano antes era de 1,91. O resultado financeiro líquido negativo (despesa maior que receita), que afeta diretamente a última linha do balanço, teve um aumento de 30% no quarto trimestre, reflexo da alta na taxa básica de juros (Selic).

O comando do Assaí ainda disse que teve crescimento no primeiro trimestre de 2023 acima do ritmo de expansão de 2022 — quando a rede cresceu em vendas 21%. E que o volume de vendas de lojas convertidas de Extra em Assaí está 2,2 vezes maior após a mudança — em alimentar é 3,5 vezes superior. “Houve recorde de tráfego de clientes em ‘mesmas lojas’ [mais de 12 meses] e aumento de ‘share’ [fatia de mercado]”, disse. Gomes observou que os preços estão bem mais estáveis em relação a 2022.

A teleconferência ocorreu para tratar de temas relativos à proposta da administração, a ser votada em assembleia geral ordinária e extraordinária da companhia a ser realizada em 27 de abril.

Por Adriana Mattos, do Valor Econômico

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