Após falar com Lula, Maduro diz que Guiana terá que ‘sentar e conversar’ com Venezuela sobre Essequibo
Data para a reunião ainda não foi marcada; países disputam a posse da região de Essequibo, rica em petróleo
O governo venezuelano disse no sábado (9) que concordou em reunir-se com a Guiana para abordar a disputa territorial envolvendo a região de Essequibo. O aceno se deu após conversas telefônicas entre o presidente Nicolás Maduro, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades.
Em um post na rede social X (antigo Twitter), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que a Guiana e a ExxonMobil “terão que sentar e conversar conosco”. “De coração e alma, queremos paz e compreensão para garantir, tudo! Deixe o mundo ouvi-lo, com o Acordo de Genebra, tudo!”, escreveu o chefe de Estado.
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A manifestação de Maduro ocorreu logo após seu telefonema ao presidente Lula (PT), na manhã de sábado. De acordo com o Planalto, Lula externou a “crescente preocupação” de países da América do Sul com a disputa entre a Venezuela e a Guiana em torno da região de Essequibo, conflito que tem aumentado a tensão entre os dois países vizinhos do Brasil.
Reunião ainda não tem data
“A Venezuela recebeu a proposta de realizar uma reunião de alto nível com a República Cooperativa da Guiana”, disse, em comunicado, o governo da Venezuela, sem, no entanto, especificar a data da reunião e nem tampouco mencionar se a proposta foi aceita ou não pela Guiana.
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O secretário das Nações Unidas, António Guterres, comprometeu-se a promover “um diálogo direto entre as partes” e a favor de solução para o conflito, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que a Venezuela “assume este apelo com aprovação e compromisso”, a fim de “manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz, sem interferência de atores externos”.
No entanto, na declaração, o governo venezuelano ratifica a sua posição sobre “os inquestionáveis direitos soberanos da Venezuela sobre a Guiana Esequiba”.
O anúncio não interrompe o processo na Corte Interamericana de Justiça das Nações Unidas (CIJ), perante a qual a Guiana exigiu em 2018 o reconhecimento de uma sentença arbitral de 1899 que determinou o domínio inglês sobre o território disputado, quando ainda era uma colônia britânica. A Venezuela ignora a jurisdição da CIJ e assegura que o conflito deve ser resolvido no âmbito do Acordo de Genebra de 1966, quando Londres admitiu a sua reivindicação, dando origem a um possível acordo diplomático e satisfatório para as partes.
“Sabemos mediar conflitos e manter a paz entre os nossos povos”, disse horas antes da divulgação do comunicado, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em um post na rede social. Ele convidou os países da América do Sul “a construir uma equipa de mediação”. “A maior desgraça da América do Sul é que eclodiu uma guerra entre os seus povos”, acrescentou Petro.
Entenda a crise entre Venezuela e Guiana
A Venezuela e a Guiana reivindicam a soberania sobre Essequibo, um território fronteiriço de cerca de 159.500 quilômetros quadrados (61.600 milhas quadradas) no nordeste da América do Sul. Os venezuelanos assumiram Essequibo como seu desde 1897, quando estava sob sua jurisdição durante a coroa espanhola.
A tensão entre os dois países, que já estava em ascensão, agravou-se após um referendo promovido pelo governo venezuelano sobre a sua soberania naquela área.
No dia 3 de dezembro, Maduro anunciou vitória no plebiscito no qual os venezuelanos votaram de forma majoritária a favor da anexação de Essequibo.
Maduro determinou que a estatal PDVSA distribuísse licenças para exploração de petróleo na região e ordenou que a Assembleia Nacional aprovasse uma lei para criar o Estado de Guiana Essequiba, sob o domínio venezuelano.
Com informações do Estadão Conteúdo.