Antonio Filosa, da Stellantis: Inflação alta vai ofuscar efeitos do corte de IPI para veículos

Preços dos veículos ao consumidor final não devem ficar mais baratos no curto prazo

Foto: Divulgação
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O corte de 25% nas alíquotas de IPI anunciado pelo governo federal em fevereiro deverá ter pouco impacto nos preços dos veículos ao consumidor final, pelo menos no curto prazo. Ao fazer um balanço do desempenho da Stellantis nos dois primeiros meses do ano, Antonio Filosa, presidente do grupo para a América do Sul, elogiou a medida, mas ponderou que o forte ciclo inflacionário que se agrava neste momento deve ofuscar o resultado imediato da redução do imposto.

“Toda melhora na carga tributária é uma excelente notícia. Foi um excelente passo e que seja o primeiro de outros”, afirmou o executivo, para em seguida destacar o que chamou de outro lado. Uma série de aumentos de custos que começou em 2019 e vai se arrastar neste ano, agravado agora pelos efeitos da guerra na Ucrânia sobre a cadeia logística e as commodities.

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Filosa citou o cobre, os metais nobres e o aço, além de energia e mão de obra, como fatores que pressionam os custos das montadoras. No aço o aumento foi de 50% ano sobre ano desde 2019. “Não existe insumo um pouco mais caro. Pode tirar (a palavra) pouco”, afirma. Com o conflito no Leste Europeu, petróleo e outras commodities atingiram os preços mais altos em uma década ou mesmo recordes históricos. “Quem imaginava o petróleo nesse patamar há dois meses?”, questiona.

Já a cadeia de suprimentos ganha nova fonte de pressão. Desde o início da pandemia de covid-19 a logística mundial vem enfrentando gargalos e recordes nos fretes. Filosa avalia que o tamanho do impacto na logística vai depender do tempo de duração da guerra. A produção do grupo na América do Sul é pouco impactada diretamente pelo embargo econômico imposto à Rússia.

Mesmo com tantas ponderações, a redução do imposto já traz algum alívio para o consumidor final. Em março, a Fiat não vai reajustar os preços dos seus veículos. Para o presidente do grupo formado pela união da FCA com PSA, o novo cenário exige mudanças nas perspectivas para o ano e o desafio do setor é buscar mais eficiência e produtividade. No caso da Stellantis, ganha importância identificar e aproveitar as sinergias criadas pela fusão dos dois grupos.

“A redução do IPI permite não aumentar os preços agora ou reajustar em índices menores”, diz. Filosa lembrou, no entanto, que o corte do IPI é “estrutural e veio para ficar”, já a onda inflacionária é algo que deve perder força em algum momento. Por isso o executivo se define como otimista com 2022. “É difícil dizer se vamos crescer 5% ou 8% (numa referência às estimativas feitas por entidades do setor). Mas acredito que vamos crescer.” O Brasil deve crescer um pouco, Argentina ficar estagnada e Chile e demais países um pouco mais do que os brasileiros.

Filosa acredita que o segundo semestre trará mais tranquilidade em relação à cadeia de fornecedores, o que permitirá aproveitar melhor o bom momento de demanda. Ele garante que não faltam compradores, falta produção para atender o mercado. Nos primeiros dois meses do ano, a Stellantis vendeu no Brasil 80,7 mil veículos, ficando com 33,9% de participação de mercado. Somente a marca Fiat respondeu por 20,9% das vendas totais do setor.

A estimativa da Stellantis é lançar 16 modelos até 2025. No segmento de carros elétricos, com a expectativas de apresentar sete modelos, o foco no país será no híbrido a etanol. “O etanol é uma solução competitiva e coerente com o objetivo de melhoria de redução de CO. Para este momento (é uma solução) que atende bem.”

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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