Americanas (AMER3) entra com recuperação judicial nos Estados Unidos
Pedido da varejista busca estender efeito protetivo sobre patrimônio nos EUA
A Americanas (AMER3) apresentou nesta quarta-feira pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, processo conhecido como “Chapter 15”, de acordo com documento judicial obtido pela agência Reuters.
Por que Americanas pediu recuperação judicial nos EUA?
O movimento busca estender para os ativos nos EUA os efeitos protetivos do processo de recuperação judicial anunciado na semana passada e já aprovado no Brasil.
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Quando uma companhia de capital aberto entra em recuperação judicial nos EUA, ela não pode acionar o dispositivo mais legal mais comum usado pelas empresas americanas para tentar reverter o cenário de falência: o Chapter 11. Recentemente, a FTX, corretora de criptomoedas, entrou no departamento de Justiça dos EUA sob o Chapter 11.
O Chapter 15 foi criado especificamente para acomodar casos de solvência com investidores, credores, ativos e outros agentes interessados envolvendo mais de um país. No caso da Americanas, alguns fundos internacionais com participação acionária na empresa, nesse caso, são americanos.
Pelo Chapter 15, uma corte da Justiça americana pode permitir um auditor ou examinador dos EUA atue para analisar o pedido e a capacidade de recuperação financeira da Americanas. No entanto, o dispositivo legal não impede a varejista de entrar com mais um pedido de recuperação judicial no país, sob os Chapters 7 ou 11.
O dispositivo escolhido pela Americanas para declarar recuperação judicial nos EUA também importa para os credores brasileiros da varejista. BTG, Itaú, Bradesco e outros bancos podem, a partir do Chapter 15, acompanhar a situação da Americanas perante a Justiça americana, sem discriminação.
Americanas tem processo de RJ no Brasil
Enquanto isso, a varejista já enfrenta diversas ações na Justiça protocoladas pelos maiores credores da dívida de cerca de R$ 41 bilhões da varejista. BTG, Bradesco e Banco Safra estão entre alguns dos que levaram a disputa para os tribunais.
A lista de credores da Americanas apresentada no âmbito da recuperação judicial traz 7.967 nomes.
Dentre os credores da Americanas, o mais exposto é o Deutsche Bank, com R$ 5,2 bilhões (ou US$ 1 bilhão, em moeda original em dívidas — a maior quantia devida a um único credor.
Outro montante expressivo é a dívida com a B2W Lux — empresa que atua como marketplace da Americanas —, no total de R$ 3,220 bilhões.
Ainda com os bancos, a dívida relacionada com o Bradesco soma R$ 4,510 bilhões; com o BTG Pactual, R$ 3,5 bilhões. Com o Itaú Unibanco, R$ 2,7 bilhões. Ao Banco do Brasil, o débito é de R$ 1,360 bilhão; com o Safra R$ 2,526 bilhões; com o Santander (Brasil), R$ 3,652 bilhões; Votorantim, R$ 3,286 bilhões, entre outros. Com a Caixa Econômica Federal, a dívida citada é de R$ 501 milhões.