Americanas (AMER3) revê proposta e reduz remuneração a conselho de administração
Remuneração total ao conselho pode cair de R$ 4,56 milhões, pagos no ano passado, para R$ 3,6 milhões
Dois dias após apresentar proposta que elevava em quase 10% a remuneração dos membros do conselho de administração da Americanas (AMER3) em 2023, a companhia protocolou, na noite da sexta-feira (31), outro documento em que reduz em 21% o valor sugerido ao seu colegiado para este ano, em relação a 2022.
Pelo novo anexo da proposta, a ser votada em assembleia geral ordinária e extraordinária, de 29 de abril, a remuneração total ao conselho é de R$ 3,6 milhões, frente aos R$ 4,56 milhões pagos aos membros no ano passado.
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Na previsão inicial, protocolada no dia 29 de março na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a cifra atingia R$ 5 milhões — portanto, houve um recuo de 28% sobre a proposta anterior, formulada inicialmente.
Essa queda agora ocorreu em ambos os valores — salário ou pró-labore e participação em comitês — previstos para os membros do conselho.
Previam pagar R$ 2,4 milhões, na primeira proposta, aos representantes que estão nos comitês da rede, e a soma cai para R$ 1,6 milhão. Em salário e pró-labore, a proposta do dia 29 informava R$ 2,6 milhões, e agora cai para R$ 2 milhões.
Novos valores
Com a mudança, agora, somando conselho de administração, diretoria e conselho fiscal, há queda de 27% na remuneração deste ano — de R$ 54,7 milhões pagos em 2022 para R$ 40,4 milhões orçados para 2023.
Anteriormente, com base na proposta do dia 29, o recuo era de 24% — a diferença é a queda no valor a ser desembolsado aos conselheiros.
Os membros do colegiado são os mesmos que estavam na empresa em 2022, período que segue sob análise de uma investigação contábil relativo a um rombo de R$ 20 bilhões, comunicado pela companhia no dia 11 de janeiro.
Propostas de remuneração normalmente passam pelas votações em assembleias de acionistas, em parte, porque acabam sendo previamente avaliadas pelos gestores e investidores, logo após sua publicação, e quando há algum ruído no mercado, são alvo de ajustes nas empresas, para evitar desgaste de uma reprovação.
Quando há sinalização negativa, a administração das companhias tem algum tempo para rever valores, considerando o prazo de 30 dias desde a publicação inicial da proposta e a deliberação.
A definição de valores de remuneração acontece num momento delicado em que o trio de sócios de referência da empresa, com representantes no “board”, negociam com bancos acordo que envolve uma capitalização na varejista, e ainda há divergências sobre as cifras finais.
No conselho da Americanas estão indicados, para 2023, os executivos que compunham a chapa de 2022, incluindo Carlos Alberto Sicupira, do trio de sócios da referência da empresa; Paulo Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, também do trio de acionistas; Claudio Barreto Garcia e Eduardo Saggioro Garcia, estes dois últimos também representantes dos acionistas de referência em 2022.
Ainda estão sendo propostos para as cadeiras do colegiado os nomes de Sidney Victor da Costa Breyer, Mauro Not e Vanessa Claro Lopes como conselheiros independentes — eles já são do colegiado hoje. Os três são também membros do comitê de auditoria em atividade hoje.
Diretores mantêm soma
Para os diretores, foi mantida a proposta de R$ 35 milhões apresentada na semana passada, sendo R$ 25 milhões em salário e pró-labore, 82% acima do pago em 2022. O restante, de R$ 10 milhões, aparece na linha com “outros”.
Possivelmente, a maior soma em fixos é uma forma de a empresa manter a equipe, após o afastamento da alta diretoria da rede no início do ano.
Em 2022, quatro membros estatutários da diretoria — o CEO, Miguel Gutierrez, que deixou a empresa no fim do ano, e os três diretores afastados de seus cargos em fevereiro — receberam R$ 49,6 milhões ao todo.
Já na soma total, considerando fixo, variável e ações, a cifra prevista de 2023 aos diretores é quase 30% menor que o pago em 2022, por conta da provável queda da remuneração variável e em ações.
A nova diretoria da empresa é formada de executivos que já estavam no grupo, e foram ganhando espaço na gestão após os diretores terem sido afastados.
Em 2022, nos R$ 49,6 milhões do CEO e diretores estavam incluídos R$ 13,7 milhões em salário e pro-labore, R$ 10,7 milhões em variável, e R$ 25,1 milhões em remuneração baseada em ações, incluindo opções.
Ao conselho fiscal, o valor maior foi mantido na nova proposta, protocolada na sexta-feira.
A soma prevista é quase três vezes a de 2022 para, passando de R$ 581,6 mil em 2022 para R$ 1,45 milhão neste ano — há um membro a mais indicado.
Para o conselho fiscal, foram indicados Carlos Alberto de Souza, Ricardo Scalzo, Vicente Antônio de Castro Ferreira e Raphael Manhães Martins.
Em 2022, segundo atas das reuniões, eram conselheiros fiscais: Carlos Alberto de Souza, Ricardo Scalzo e Vicente Antonio de Castro Ferreira.