Americanas contrata Citi para ‘monetizar ativos’ e ajudar em solução financeira
Segundo uma fonte, a Americanas foi em busca de um banco que estivesse mais distante da crise. O Citi é um dos poucos bancos com atuação no Brasil sem exposição na varejista
Na busca de um pacote de propostas para apresentar aos seus credores, a Americanas acaba de contratar o Citi para ajudar a estruturar possibilidade de monetização de seus ativos, além de apoiar a busca de outras soluções financeiras para resgatar a varejista que está mergulhada em uma grave crise desde que se tornou público um rombo contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço, apurou o Valor. A informação foi dada em primeira mão pelas jornalistas Fernanda Guimarães e Mônica Scaramuzzo do Valor Econômico.
Segundo uma fonte, a Americanas foi em busca de um banco que estivesse mais distante da crise. O Citi é um dos poucos bancos com atuação no Brasil sem exposição na varejista. Já trabalham no caso o banco de investimento Rothschild, que tem feito a ponte de negociação com os bancos credores, e a Alvarez & Marsal, que tem ajudado no processo de reestruturação da companhia.
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O Citi chega ao caso em um momento decisivo para o futuro da varejista. Para esta quinta-feira está marcada uma reunião com os bancos credores, ocasião para a qual é esperada uma proposta firme aos credores, na prática uma capitalização por parte de seus acionistas, o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
Um dos principais ativos que a Americanas tem em seu portfólio é o Natural da Terra, hortifruti que adquiriu em 2021 por R$ 2,1 bilhões, mas que dificilmente conseguirá o mesmo valor, segundo banqueiros de investimento. A venda de ativos foi uma das primeiras exigências dos bancos credores logo após a eclosão da crise da empresa, conforme antecipou o Valor.
Dentre as demais empresas do grupo que podem ser vendida, está a plataforma Ame, a plataforma de gestão compartilhada Let´s, a +Aqui, de serviços de crédito e o grupo Único, dono das marcas Puket, Imaginarium, Mind e Lovebrands. Essas negociações de ativos, se acontecerem, será dentro de Unidade Produtiva Isolada (UPI), dentro de processos de recuperação judicial.
“A questão é que mesmo vendendo ativos pouca diferença se fará para uma dívida de mais de R$ 40 bilhões”, disse uma fonte. No mercado, uma das soluções que tem sido aventada seria uma fusão da própria Americanas com uma outra varejista. “Essa seria a melhor solução”, disse outra fonte que acompanha a crise da empresa.
No momento, a companhia acabou de receber uma injeção de capital de R$ 1 bilhão de seus acionistas de referência, por meio de um empréstimo “DIP”, que é aquele que acontece dentro de um processo de recuperação judicial e que coloca o novo credor na frente da fila na hora de receber o valor devido. A empresa buscou no mercado mais R$ 1 bilhão, ainda dentro do DIP, mas não encontrou interessados, principalmente porque não há garantia costurada ao empréstimo.
Procurados, Citi e Americanas não comentaram.
Por Fernanda Guimarães e Mônica Scaramuzzo, Valor — São Paulo