Alta do petróleo faz Petrobras (PETR3; PETR4) subir 5% no mês; é o momento de investir?
Mercado afirma que alta do petróleo veio para ficar e, com menos riscos, aponta cenário favorável para ações da Petrobras (PETR3, PETR4)
A alta do petróleo em setembro levou as ações de Petrobras (PETR4, PETR3) na bolsa de valores (B3) a subirem 5% no mês ante a valorização de 0,99% do Ibovespa, principal índice da B3.
No ano, os papéis ON (PETR3) sobem 56%, enquanto os PN (PETR4) têm alta de 67%. No mesmo período, o Ibovespa tem ganho acumulado de cerca de 10%.
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Aliás, a disparada da commodity vem em meio a cortes nas produções de Rússia e Arábia Saudita, membros da organização OPEC+, que reúne os maiores exportadores de óleo cru do mundo.
Com a restrição de oferta, a Petrobras tende a ganhar espaço no mercado externo, afirmam analistas ouvidos por nós, da Inteligência Financeira. A petroleira deve, portanto, aumentar as receitas no terceiro trimestre com a disparada dos preços do barril.
Mas será que é bom aproveitar a alta do petróleo para comprar ações da Petrobras?
Por que o petróleo subiu neste mês?
Na última terça-feira (5), a Rússia anunciou o corte de 300 mil unidades de barril de petróleo por dia até o final de 2023. O país, segundo maior exportador da commodity no mundo, se juntou à Arábia Saudita, primeira da lista, que mantém um corte de 1 milhão de barris por dia até dezembro. Assim, ambas produzem 20,7 milhões de unidades por dia, segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA).
O corte dos dois principais integrantes da OPEC+ representa um estresse maior na oferta de petróleo no mundo. E, claro, o mercado está reagindo de acordo. O futuro do Brent, referência global de preços, atingiu a máxima de US$ 90,04, algo que não ocorria desde maio de 2022.
Além dos cortes de Rússia e Arábia Saudita, a alta do petróleo acontece por aumento na demanda de diesel – derivado do óleo cru – no mundo em meio a temperaturas de calor e frio extremos. Esta é a avaliação de Heitor Paiva, analista de petróleo da Maersk.
“Teremos o primeiro inverno da Europa com estoques baixos e sem o diesel russo”, afirma.
Do outro lado do Atlântico, o cenário é de um pico de produção das grandes petroleiras dos Estados Unidos, aponta Yuri Pereira, analista de commodities da SulAmérica Investimentos.
A reserva dos país norte-americano, contudo, está no menor nível desde 1983. De acordo com dados da EIA, o governo conta com uma reserva de 350 milhões barris.
“Em 16 meses, os EUA tiveram queda de 232 milhões de barris, em média uma queda de 500 mil barris por dia”, destaca Pereira.
Alta do petróleo traz ‘alívio’ em relação à Petrobras (PETR3; PETR4)
Para o mercado, os riscos associados à Petrobras (PETR3; PETR4) diminuíram significativamente em relação ao início do ano. A visão de gestores e analistas é de que a companhia deve reverter o resultado visto como abaixo do esperado no último semestre com a alta do petróleo.
A mudança de percepção dos analistas em relação à petroleira é de que a gestão do presidente Jean Paul Prates “não irá tomar decisões negativas” e ferir a rentabilidade da empresa, segundo o analista da Benndorf Research, Júlio Sousa Borba.
“A companhia exporta parte da produção. Por enquanto, os impactos da alta no petróleo são mais positivos que negativos para a Petrobras”, complementa.
Outra frente de alívio na percepção do mercado está ligado ao reajuste da gasolina. O anúncio da Petrobras de aumento do preço da gasolina em meados de agosto transmitiu uma mensagem positiva aos investidores. Para eles, a gestão não está mais atrasando repasses do barril para as bombas nos postos de combustíveis.
Conforme explicação de João Abdouni, analista-chefe da Invi, o limite para a Petrobras operar a lucro zero é com uma defasagem de 25%. A atual gestão tem praticado uma política de preços fora da paridade de 10% a 15%.
Ficou claro, para o mercado, que a Petrobras “está adotando uma regra para esperar o choque”, afirma Alexandre Mathias, CEO da gestora Kilima. “Tirou-se temor de defasagem sem reajuste”.
No início do ano, o mercado financeiro também embarcou na expectativa ruim de que a política da Petrobras seria de cortar dividendos para impulsionar gastos “sociais”.
“Tivemos temor de que a gestão da Petrobras fosse minimizar retorno para acionistas para maximizar retorno social”, destaca Mathias. Isso, contudo, não se confirmou.
Com alta do petróleo, vale a pena investir em Petrobras (PETR3; PETR4)?
Para Alexandre Mathias, o petróleo deve permanecer em alta no longo prazo. Oscilando entre US$ 85 a US$ 95. O CEO da Kilima avalia que o momento é positivo para entrar nas ações da Petrobras.
No curto prazo, complementa ele, o investidor deve aproveitar uma escalada nos preços dos papéis ON e PN da Petrobras. “Além disso, esperamos que o dólar perca força ante o real no segundo semestre. E isso deve reduzir a defasagem de preços da Petrobras”, diz.
A Benndorf Research tem recomendação de compra para a Petrobras. “Acredito que o Brent deve encontrar seu preço de equilíbrio acima dos US$ 80 por barril por alguns anos, exceto em momentos de maior estresse nos mercados”, diz Júlio, analista da casa de pesquisa.
Boa pagadora de dividendos até 2024, diz BofA
A Petrobras (PETR3, PETR4) alterou a política de distribuição de dividendos de 60% para 45% de seu fluxo de caixa, incluindo custos operacionais.
Mesmo assim, desde o ajuste, o Bank of America tem a previsão de proventos extras a serem distribuídos em 2023, de pelo menos US$ 15,8 bilhões em dividendos neste segundo semestre.
Segundo os analistas Caio Ribeiro e Leonardo Marcondes, o rendimento mínimo em dividendos da Petrobras no segundo semestre de 2023 será de 7%. Para o ano seguinte, o montante distribuído em relação às ações será ainda maior, de 15%. Os cálculos consideram o preço do barril de petróleo a US$ 80 e US$ 90, respectivamente.
“Para 2024 vemos os dividendos das companhias integradas de petróleo em uma média de 9% aproximadamente, o que é abaixo de nossas expectativas para Petrobras”, avaliaram Ribeiro e Marcondes.
Outro temor do mercado que não se confirmou foi de que a Petrobras faria investimentos de alto custo sem retorno de curto prazo. “O plano de investimentos da empresa não trouxe nenhuma inovação exótica. A política conta com projetos que trazem aumento de volume na produção, portanto aumento de receita”, diz o CEO da Kilima.