O otimismo e o ‘pé atrás’ do mercado com dividendos da Ambev (ABEV3) em 2025
Prestes a anunciar dividendos, Ambev (ABEV3) tem R$ 10 bi a receber em créditos e anima analistas com possível dividendo extraordinário
O dividendo bilionário da Ambev (ABEV3) abre a porteira para que a fabricante de bebidas pague cada vez mais proventos e, sobretudo, com datas constantes ao longo do ano. Hoje, a empresa foca em realizar uma única distribuição em dezembro, mas Itaú BBA, Bank of America e outros analistas não descartam uma aceleração na frequência para 2025.
Para o mercado financeiro, a marca internacional de bebidas alcoólicas tem a chance de pagar acionistas com proventos acima de sua média histórica dos últimos 10 anos. O principal entrave para distribuições maiores, porém, é a alta de juros e o câmbio ainda depreciado.
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Dividendo leva Ambev (ABEV3) a superar média da década
Antes da distribuição extraordinária, o mercado já ponderava as chances de a Ambev distribuir bilhões.
A fabricante de bebidas, afinal, provisionou o montante de R$ 3,1 bilhão para pagar Juros sobre Capital Próprio até o quarto trimestre. E tinha mais R$ 10 bilhões a resgatar em créditos tributários.
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Entre dividendos, JCP e programa de recompra anunciados em 2024, o Bank of America esperava o desembolso de R$ 13,6 bilhões da Ambev aos acionistas. O montante divulgado foi menor, de R$ 12,6 bilhões.
Mesmo assim, a parcela de lucro paga pela empresa em 2024 supera a média dos últimos 10 anos. Entre 2013 e 2023, o payout de Ambev (ABEV3) foi de 82%. Neste ano, a fabricante de bebidas deve pagar 89% do lucro líquido.
Ambev (ABEV3) pode virar ‘vaca leiteira’ de dividendos?
É consenso entre analistas que a Ambev (ABEV3) deve distribuir mais dividendos aos acionistas daqui para frente. Trata-se mais do ritmo de repasses.
Na visão do Banco Daycoval, que adota postura defensiva ao investir em bolsa de valores brasileira pelo momento, a Ambev se beneficiaria de uma distribuição cada vez mais regular de proventos para “cativar” investidores pessoa física.
É a análise de Gabriel Mollo, analista de ações do Daycoval.
“A Ambev (ABEV3) tende a pagar mais dividendos daqui para frente”, afirma Mollo.
“O pagamento de dividendos regularmente é bem-visto pelos acionistas. Investidores mais aptos a comprar e segurar um papel gostam desse tipo de empresa, e pode fomentar uma base de CPFs muito fiel”, completa. Ele cita como exemplo a Taesa (TAEE11).
O BofA também vê chance de mais dividendos da fabricante já para 2025 . O banco acredita que a companhia pode “virar um caso de yield” em proventos.
O cenário base do banco é de um valor de proventos que pague 14,1% do valor da ação entre 2024 a 2025, ante a margem de 12% entre 2022 e 2023.
No momento, a Ambev está mais desalavancada do que no passado, lembra Vitor Bueno, analista da Nord Research. A empresa tem mais entrada de dinheiro em caixa livre do que dívidas, o que leva a um valor de caixa por ação de 9%.
“Os créditos fiscais são uma forma da Ambev acelerar dividendos”, comenta Bueno.
O pé atrás do Itaú BBA e XP com o dividendo
Os entraves de possíveis dividendos extraordinários da Ambev (ABEV3) são a alta de juros prevista para 2025 além da desvalorização do câmbio no Brasil.
A piora da expectativa de trajetória futura da Selic terminal deve fazer com que a Ambev seja mais conservadora no caixa, o que, por sua vez, pode levar a empresa a distribuir menos. É o que a XP Investimentos aponta em relatório.
A casa de análise também cita que a mudança de CEO da Ambev, realizada em agosto, foi como “água no chope” do futuro de proventos.
Outro impacto expressivo está na alta do dólar contra o real.
Boa parte do material usado para a produção de latas e garrafas, como o alumínio, fica mais cara à medida em que o câmbio se deteriora
Na mesma toada, o Itaú BBA nota em relatório que os dividendos da Ambev animaram o mercado. Em contrapartida, a parcela de JCP dos proventos veio 20% abaixo das estimativas.
Conforme analisa o banco, a otimização de estrutura de capital da Ambev, que ajuda na geração de caixa, está em ritmo “mais lento que esperado” por investidores.
“A decisão de não acelerar a distribuição de capital está em linha, portanto, com o histórico da Ambev de ser mais conservadora na alocação de capital, ao mesmo tempo em que reforça seu balanço.”
A aceleração de dividendos em 2025 pode ficar de escanteio. Mas o Itaú BBA não descarta o cenário em que a Ambev brinda acionistas com mais proventos adiante.
A Ambev costuma anunciar dividendos ou JCP em dezembro.