Por que a venda de ações da Vale (VALE3) pela Cosan não deve fazer o papel disparar na bolsa

Operação da Cosan (CSAN3) envolve 173 milhões de ações da Vale (VALE3) e é vista como alívio pelo mercado; mas papel continua 'pesado'

Ação da Vale (VALE3) continua 'pesada' para gestores mesmo com operação da Cosan (CSAN3) nesta quinta-feira. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Ação da Vale (VALE3) continua 'pesada' para gestores mesmo com operação da Cosan (CSAN3) nesta quinta-feira. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O mercado financeiro amanheceu nesta quinta-feira (16) com a venda de ações da Vale (VALE3) pela holding Cosan (CSAN3), então dona de 4,1% do capital da empresa via ativos. O medo dessa transação era um dos motivos que afastava investidores do papel, segundo apurou a Inteligência Financeira. Contudo, a ação da Vale não deve crescer exponenciamente após o movimento da Cosan.

Gestores ouvidos pela reportagem antes desta quinta-feira reconheciam que existia um risco de sobreoferta com a venda de ações na mesa. A transação em leilão, chamada de bloco pelo mercado financeiro, alivia o risco de depreciação do ativo. Mas a Vale ainda enfrenta problemas em sua operação e com a China, sua maior parceira comercial.

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Venda de ações da Vale (VALE3) elimina risco de sobreoferta…

A venda de ações da Vale pela Cosan traz alívio ao mercado financeiro porque elimina o risco de overhang para as ações da mineradora.

Isso quer dizer que antes, gestores e investidores profissionais esperavam com receio como se daria a venda de ações – se seria uma transação aberta ao mercado ou em blocos.

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Nesta quinta-feira, o jornal Valor Econômico antecipou a venda de ações pela Cosan. A operação envolve R$ 9 bilhões.

A transação foi acertada em leilão com a corretora do banco JPMorgan, que ofereceu desconto de 0,9% em relação ao preço de fechamento de VALE ON na quarta-feira. O papel registrou alta de 0,21% no Ibovespa nesta quinta.

A Cosan (CSAN3) confirmou, em seguida, que colocou à venda 173 milhões de ações da Vale (VALE3). Ou seja, 4,05% do capital social da mineradora. A Cosan, contudo, detinha 4,1% de participação até esta quinta.

Gestores estavam usando o argumento de sobreoferta, ou overhang, para justificar saídas táticas de Vale (VALE3). Um gestor de ações que falou à reportagem sob anonimato disse que se recusava a investir na ação porque a “tese de overhang” começou a circular no mercado desde o segundo semestre de 2024.

Para ele, a venda era um movimento óbvio da Cosan, já que o investimento feito pela holding de Rubens Ometto em 2022, quando comprou Vale (VALE3), não compensou. “Não foi construído um valor agregado com a operação”, disse a fonte.

Cosan (CSAN3) vendeu na baixa

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma que o risco não era tão bem precificado pelo mercado, porque a Cosan arriscaria vender o ativo na baixa. Hoje, a ação da Vale está cotada a R$ 52,80. Na época em que tornou-se uma acionista de referência da mineradora, Cosan (CSAN3) comprou os papéis por cerca de R$ 70.

Assim, o banco Goldman Sachs avalia que a operação deve gerar um efeito positivo sobre as ações da Vale (VALE3).

“Investidores estavam precificando o potencial risco como fonte de overhang, dizem analistas do Goldman. “Com a ação da Vale caindo 35% nos últimos 12 meses e despencando para a menor cotação em 8 anos, vemos a notícia como um risco a menos”, concluem.

…mas não deve ser um grande impulso para Vale (VALE3)

O momento da operação cai como uma luva para a Cosan (CSAN3), dizem gestores.

A companhia recebe uma injeção direta em caixa sobre um ativo líquido na bolsa. E o principal problema da Cosan é o endividamento líquido, afirma Pedro Nogueira, gestor da Skopos.

A operação também faz parte de um processo de turnaround na holding que deve mexer mais no tabuleiro de suas companhias para reduzir os R$ 21,7 bilhões em dívida líquida, de acordo com o último resultado financeiro da Cosan.

“As ações da Vale são extramamente líquidas. Tanto que eram consideradas pela Cosan, de maneira pro forma, como caixa financeiro”, diz Nogueira.

Mas ele, entre outros gestores, afirma que a mineradora carece de uma tese de investimento atrativa para que as ações disparem no Ibovespa.

Ele cita que o caixa da Vale, de onde saem os dividendos da empresa, deve continuar pressionado pelos próximos dois anos. O motivo é o desembolso com o acordos de Brumadinho e com a Samarco entre 2025 e 2026, estimado pela companhia em R$ 4,6 bilhões.

É uma “parte não desprezível”, diz o gestor. “Teremos menos dinheiro disponível para dividendos. E a duração do fluxo de caixa aumenta. Ou seja, existe maior demora para o dinheiro chegar aos acionistas”, analisa.

A Skopos zerou posição na Vale (VALE3) no fundo de longo prazo nos últimos meses.

Outro gestor, que também reduziu a exposição à mineradora na bolsa, argumenta que o principal “vilão” das ações da Vale no momento é a China.

O recuo esperado da economia chinesa neste ano assombra investidores mais do que o risco de sobreoferta representava, explica a fonte, que preferiu ficar anônima.

Os vários riscos de baixa que a Vale conseguiu superar no ano passado, como troca de CEO e acordos, não levaram o papel a subir o esperado. O gestor diz ainda que nem se o minério de ferro subir a US$ 100 ele prefere investir em ações da Vale.

“Se for a US$ 120, aí consideramos porque a Vale estará muito barata. Mas hoje a ação está pesada por uma série de motivos”, conclui.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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