Por que analistas acreditam que ação da Vale (VALE3) sairá do atoleiro e projetam ganhos de mais de 30% em 2025?
Analistas apostam que ações da Vale devem ter virada em 2025 e voltem ao patamar acima de R$ 70; veja como
As ações da Vale começaram 2024 valendo R$ 77, mas desceram uma ladeira íngrime. Nesta terça-feira (13), os papéis estavam cotados R$ 56,60 na bolsa, queda de mais de 26% no ano.
Contudo, pensando no médio e no longo prazos, analistas ouvidos pela Inteligência Financeira acreditam que as ações devem recuperar atratividade e consideram que a derrocada de 2024 é uma oportunidade de entrada nos papéis.
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A perspectiva positiva dos analistas está baseada nos bons resultados operacionais aguardados para a empresa no ano que vem. “Esperamos que a Vale entregue um resultado operacional (Ebitda) de US$ 18,1 bilhões em 2025”, diz o Itaú BBA em relatório.
Com isso, o banco tem perspectivas otimistas para as ações da Vale em 2025. “Gostamos da história de geração de caixa saudável e distribuição de dividendos aos acionistas mesmo com preços de minério de ferro em níveis mais baixos”, diz Daniel Sasson, analista de commodities do Itaú BBA.
Últimas em Ações
Ilan Albertman, analista de Equity Research da Ativa, tem projeção parecida com relação ao Ebitida: US$ 18,9 bilhões.
Nessa projeção, o Ebitda da Vale no ano que vem deve superar o de 2024. A expectativa da Ativa é de US$ 17 bilhões para este ano.
Recomendação e preço-alvo para ações da Vale
Para o BBA, está mantida a recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 74, upside de cerca de 30%.
Isso tudo na contramão do desempenho da Vale nos últimos meses. Os papéis estão em queda livre desde o começo do ano. A empresa desvalorizou 26% na bolsa desde início de janeiro.
A Ativa Investimentos tem projeção ligeiramente maior: R$ 75, com recomendação neutra.
Ações baratas
As ações da Vale estão sendo negociadas a um “atraente múltiplo”, diz o BBA. O valor da empresa em relação ao Ebitda (EV/Ebitda) em 2025 é de 3,2 vezes, “o que parece baixo versus níveis justos próximos a 5 vezes”, diz o relatório.
“Além disso, ainda vemos a VALE negociando com um alto desconto em relação aos seus pares australianos”, complementa a análise do BBA.
Dividendos da Vale seguem atraentes
Mesmo com minério de ferro mais próximo de US$ 100 por tonelada, o BBA vê a empresa com uma forte geração de caixa.
Assim, o BBA prevê retorno total ao acionista de 39%, considerando 31% de valoração potencial da ação e 8% de dividend yield (retorno em dividendo).
Além disso, a Ativa ressalta a ausência da necessidade de grandes investimentos, o que favorece remunerações importantes aos acionistas via dividendos ou recompra de ações.
“Estimamos um dividend yield próximo de 9% a 10% para a empresa nos próximos anos, lembrando que é um fluxo de caixa dolarizado”, acrescenta Sasson.
Sazonalidade
Já em 2024, pode haver alguma recuperação dos papéis com base no desempenho operacional.
O Ebitda da Vale no segundo trimestre de 2024 veio em US$ 3,9 bilhões, ligeiramente aquém do esperado pelo BBA. Contudo, como é de praxe, o resultado mais forte virá no segundo semestre. “A Vale produziu, na primeira metade de 2024, apenas 47% da produção esperada para o ano”, destaca o analista de commodities do Itaú BBA.
“Com isso, mesmo com um minério de ferro mais fraco (ao redor de USD 100/ton até o fim do ano), estamos confortáveis com nossa estimativa de USD 18 bn de EBITDA para o ano”, acrescenta Sasson.
Ponderações: o que pode mudar o jogo para a VALE3
O minério de ferro deve ter preços entre US$ 100 e US$ 105 por tonelada no segundo semestre, dentro do que o banco já havia projetado. Nesse sentido, a produção média de aço deve cair cerca de 2% no ano, segundo dados da Associação de Ferro e Aço da China (Cisa, na sigla em inglês).
Assim, a fraca demanda da China por aço tem pressionado os preços para baixo e afetado o desempenho da empresa. Novos ajustes na projeção de crescimento do gigante asiático pode reduzir as projeções para VALE3.
Além disso, os passivos ambientais podem impactar as ações da Vale.
O processo relacionado ao rompimento da barragem de Mariana, que está em fase final na justiça, foi muito mais complexo que o de Brumadinho. Isso porque a dimensão dos danos socioambientais foi muito maior, tendo em vista que o rio Doce tinha muito mais biodiversidade do que o rio Paraopeba, além do impacto sobre vidas humanas e a economia local.
“Acreditamos que a resolução dessa questão é um catalisador importante para a empresa, ao resolver um problema que se arrasta desde 2015, inclusive limitando alguns investidores, principalmente estrangeiros, de investir na empresa por questões relacionadas a ESG”, avalia o analista do BBA.
A última proposta da Vale estava em R$ 140 bilhões para pagamento a ser feito em 20 anos. Porém, o governo quer R$ 164 bilhões em 12 anos. A expectativa é que a solução seja o meio do caminho.
“A maioria das casas de análises já tem isso em conta. Mas se sair algo diferente, pode haver complicação”, alerta Abertman, da Ativa.
Otimismo com acordo e escolha de CEO
Na visão do BBA, o preço atual das ações da Vale oferece um bom ponto de entrada aos acionistas, tendo em vista que a desvalorização recente deixou os papéis ainda mais descontados, segundo o banco.
“A performance da Vale neste ano foi negativamente afetada por questões que acreditamos que serão resolvidas nos próximos meses”, diz Sasson. Ele destaca, além do acordo relacionado a Mariana, a renovação das concessões ferroviárias e a sucessão do CEO. “Isso que nos faz ficar mais otimistas com a relação entre risco-retorno para a ação”.
Sobre a sucessão, Abertman diz que apesar da questão de a sucessão parecer longe do fim, o primeiro leque de opções apresentou “bons nomes, isso mitigou um pouco o risco”.