Vale (VALE3) lucra mais, mas operacional frustra no 2º tri; dividendo extra depende de Samarco
Para analistas, indicadores qualitativos da mineradora tiveram deterioração e a expectativa para os preços do minério não animam
Mesmo triplicando o lucro no segundo trimestre, os analistas viram resultados operacionais majoritariamente fracos para o período da Vale (VALE3),.
De todo modo, as ações subiam, com perspectivas divididas no mercado sobre uma possível melhora dos preços do minério no segundo semestre e de um possível desfecho do caso Samarco, que poderia liberar a gigante para um pagamento extraordinário de dividendos.
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Na teleconferência pós-resultado com analistas, o presidente-executivo da Vale, Eduardo Bartolomeo, fez projeções otimistas para a segunda metade de 2024.
“O melhor está por vir”, disse ele, falando sobre questões como preços do minério, acordo com Samarco e possível elevação das projeções para produção neste ano.
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Balanço da Vale: lucro dispara, mas Ebitda encolhe
A Vale anunciou na noite de quinta-feira (25) lucro líquido de US$ 2,77 bilhões de abril a junho, salto de 210% ano a ano.
Contudo, isso refletiu alguns efeitos contábeis que tinham sido mais fracos no mesmo intervalo de 2023.
Enquanto isso, indicadores qualitativos apreciados por analistas tiveram deterioração.
O desempenho operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) caiu 6%, a US$ 3,99 bilhões.
Resumidamente, isso refletiu a combinação de preços menores na venda de minério de ferro e custos mais altos com estoques.
Isso mais do que compensou o volume de minério vendido, o maior em seis anos para um segundo trimestre.
Além disso, a mineradora teve enfraquecimento do capital de giro, que analistas consideraram pontual.
“Um trimestre sem brilho, com fluxo de caixa e custos decepcionantes”, resumiram Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual.
“Os preços mais baixos de minério de ferro realizados e os custos mais altos mais do que compensaram a melhora nos volumes na comparação anual”, afirmaram Daniel Sasson e equipe do Itaú BBA.
Já o Goldman Sachs considerou os resultados neutros, enquanto a XP considerou a performance mais fraca do que a esperada no período.
Desempenho das ações
Após uma sucessão de perdas recentes, VALE3 tinha valorização nesta sessão.
Por volta das 13h (horário de Brasília), o papel mostrava alta de 0,8%, enquanto o Ibovespa avançava 0,7%.
No acumulado de 2024, porém, a ação tem queda de aproximadamente 17%.
Para o curto prazo, o BTG afirmou esperar que VALE3 siga sob pressão, “em meio a um ambiente desafiador na China e alguns assuntos não resolvidos”.
Enquanto isso, a XP concordou que o cenário da China, principal compradora do minério da Vale, não é animador.
Porém, considerou que os preços do minério de ferro – em torno de US$ 100 a tonelada – tendem a encontrar um suporte, limitando mais riscos negativos no curto prazo.
Neste sentido, o Goldman ponderou que talvez o momento operacional mais fraco da Vale seja uma grande oportunidade.
“Acreditamos que os motivos para não investir acabarão se tornando motivos para comprar”, escreveu Marcio Farid e equipe.
Isso porque, segundo os analistas do Goldman, a tendência é de recuperação dos preços do minério de ferro, o que deve beneficiar a companhia.
Além disso, a proximidade de um acordo envolvendo a Samarco tende a tirar um fator de incerteza sobre as ações.
Dos 25 analistas que avaliam as ações da Vale negociadas em Nova York, 18 têm recomendação de compra ou equivalente. Os sete restantes recomendam manutenção, segundo o WSJ Markets.
Vale: acordo por Samarco pode sair nos próximos meses
Em relação aos proventos, a Vale anunciou apenas o valor mínimo de US$ 1,6 bilhão em juros sobre o capital próprio relativos ao primeiro semestre.
O valor será pago em setembro.
Na teleconferência, Bartolomeo e outros executivos da Vale indicaram que a companhia aguarda um desfecho para o caso envolvendo Samarco para decidir sobre eventual pagamento de dividendo extraordinário a acionistas.
Em abril, a Vale fez uma proposta de pagar R$ 72 bilhões para encerrar processos por danos devido ao rompimento da barragem de Mariana (MG) em 2015.
A oferta foi feita junto com a mineradora australiana BHP na Samarco, responsável pela tragédia no município mineiro.
Segundo executivos da Vale disseram nesta sexta, um acordo pode ocorrer nos próximos meses e a preferência da companhia é de que ele ocorra no Brasil.