Plano da Vale (VALE3) para metais básicos: bom ou ruim para as ações da mineradora?

Veja o que dizem BTG, XP, Itaú BBA, Citi e BofA

Área de mineração da Vale (VALE3). Foto: Divulgação/Vale
Área de mineração da Vale (VALE3). Foto: Divulgação/Vale

A revisão apresentada pela Vale (VALE3) de sua divisão de metais básicos é bem-vinda, com uma análise detalhada dos ativos, que tem apresentado desempenho insatisfatório há algum tempo. Mas é improvável que seja um gatilho de curto prazo para as ações, com a maioria das projeções voltadas para 2026 e além, diz o BTG Pactual.

Contudo, os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner escrevem, em relatório, que continuam a ver os ativos de metais básicos da Vale como significativamente subestimados dentro do valor de mercado geral de US$ 49 bilhões. Sugerindo que os investidores estão atribuindo muito pouco ou nenhum valor à unidade de metais básicos da Vale.

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Segundo os analistas, embora não exista solução mágica para esses ativos, existe um caminho para a recuperação da rentabilidade, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) potencial de entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. Acima dos atuais cerca de US$ 2 bilhões.

O BTG Pactual tem recomendação neutra para Vale, com preço-alvo de US$ 16 para os recibos de ações negociados na na Bolsa de Nova York.

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Melhor desempenho operacional

A Vale apresentou um planejamento estratégico detalhado para seus ativos de metais básicos, e embora o plano seja visto com bons olhos, seu valor deve ser totalmente desbloqueado assim que as operações refletirem o melhor desempenho operacional esperado, diz a XP.

Os analistas Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano escrevem, em relatório, que a Vale vê várias oportunidades para aumentar a capacidade de produção de cobre e níquel. Com melhoria de volumes potenciais entre 5% e 10% e redução de custos de cerca de 10%, impulsionando melhor desempenho operacional e levando a Ebitda incremental de US$ 400 milhões até 2026.

Segundo os analistas, a empresa tem expectativas de um mercado apertado para cobre e níquel, dada a demanda acelerada de veículos elétricos, baterias e energia renovável, com adições de capacidade limitadas. Eles também veem riscos de baixa limitados para os preços do ferro no curto prazo, enquanto discussões em andamento relacionadas ao governo permanecem como uma ameaça.

A XP tem recomendação de compra para as ações ordinárias da Vale (VALE3), com preço-alvo de R$ 82.

Futuras oportunidades

A Vale revelou o caminho estratégico para a desbloquear oportunidades de valor no médio prazo, em suas novas projeções para a divisão de metais de transição energética, diz o Itaú BBA.

Os analistas do banco escrevem em relatório que a gestão da companhia está focada em estabilizar as operações e garantir que a empresa possa se beneficiar das futuras oportunidades de crescimento.

“A Vale estima um valor presente líquido (VPL) de US$ 2 bilhões de seus esforços, realizado até 2026, com um potencial de US$ 6 bilhões a partir de 2028. Além disso, a Vale aumentou sua previsão de produção de cobre e níquel para 2026, mantendo suas metas de longo prazo para 2030”, destacam.

A companhia agora antecipa um nível de produção 5% maior para volumes de cobre para 2026, ante a estimativa anterior de 375 a 410 quilotoneladas, e também aumentou em 10% suas previsões de produção de níquel, contra a previsão anterior de 190 210 quilotoneladas.

“Essas melhorias provavelmente serão impulsionadas por um aumento de produtividade de 30% no complexo de Sudbury. Além disso, a empresa reduziu suas estimativas de ‘custos totais’ de níquel e cobre em 10% para 2026”, comentam os analistas.

O Itaú BBA tem recomendação de compra para a Vale, com preço-alvo a US$ 14 para os recibos de ações (ADRs) negociados em Nova York.

Sem reflexo no curto prazo

As novas projeções divulgadas pela Vale hoje (20) foram consideradas impressionantes pelo Citi. Mas os objetivos de curto prazo não foram vistos como grandes novidades, já que eles vêm sendo repetidos nos últimos anos. Para o banco, a grande questão é se esses objetivos serão ou não traduzidos em desempenho operacional sustentável.

O banco explica que a Vale já havia apresentado anteriormente alguns dos seus objetivos, como melhorar a estabilidade operacional em Salobo, garantir o fornecimento contínuo de minério para Sossego e aumentar os medidores de desenvolvimento em Sudbury para levar mais minério à usina.

Porém, o Citi aponta que o presidente do conselho de administração do negócio de metais básicos da Vale, Mark Cutifani, responsável por estabelecer esses objetivos, é competente, mas não é responsável por implementar a estratégia necessária para alcançar as metas. Assim, ainda é preciso provar que a companhia é capaz de transformar essas ideias em ações efetivas.

O Citi mantém a sua indicação de compra sobre as ADRs da Vale, com preço-alvo de US$ 16,50.

Estimativa de ganhos

O plano para o segmento de metais de transição energética da Vale pode adicionar até US$ 1,3 bilhão por ano no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia após 2028, afirma o Bank of America (BofA). O plano também deve gerar ganhos de cerca de US$ 400 milhões por ano de Ebitda extra até 2026, com redução de 10% nos custos e volumes até 10% maiores.

A expectativa é aumentar a produção de cobre em até 100 mil toneladas por ano e a de níquel em até 40 mil toneladas, ao mesmo tempo em que há a projeção de reduzir os custos em até US$ 1 mil por tonelada para o cobre e US$ 2 mil por tonelada para níquel.

No caso da produção de cobre, a Vale vê potencial para aumentar os recursos e a vida útil do ativo da mina em Salobo, ao passo em que observa um potencial geológico para mineração subterrânea, no longo prazo, em Sossego, após conseguir aprovar e estabilizar o projeto de Bacaba.

Em Sudbury, o foco da Vale é melhorar as operações para aumentar o rendimento da usina com estratégias como alteração do teor de corte, trazendo maiores volumes e maior diluição de custos fixos, apesar do minério de menor teor ser processado, comenta o BofA.

Sobre oportunidades de fusões e aquisições, o banco aponta que a companhia, apesar de não descartar, não parece estar priorizando esse caminho, já que o plano de metais destravaria grande valor na empresa.

O BofA mantém uma indicação neutra para as ações da Vale, com um preço-alvo de R$ 62.

Com informações do Valor Econômico

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