Dividendos em risco? Interferência maior de Lula? Veja a repercussão da demissão de Prates do comando da Petrobras

Mercado avalia que mudança repentina na gestão adiciona incertezas significativas na tese de investimentos da companhia

Jean Paul Prates, que foi demitido por Lula do comando da Petrobras (PETR4). Foto Tomaz Silva/Agência Brasil
Jean Paul Prates, que foi demitido por Lula do comando da Petrobras (PETR4). Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

A saída de Jean Paul Prates do cargo de diretor-presidente da Petrobras (PETR3; PETR4) é uma notícia negativa. Logo, os investidores devem começar a precificar maior risco de interferência política em cima das ações da companhia, diz o BTG Pactual.

Os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Pérez escrevem que mesmo que seja de interesse do governo, a nova diretoria comandada por Magda Chambriard terá pouco espaço para mudar as políticas de alocação de capital e de preços de combustíveis.

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“Acreditamos que o pragmatismo visto nas últimas diretorias vai continuar, sustentado, em última instância, pela necessidade do governo de equalizar sua situação fiscal e o estrito arcabouço de leis e governança”, comentam.

Um risco, aponta o banco, é de mudanças na política de dividendos, uma vez que Prates era defensor da remuneração aos acionistas, enquanto a visão de Chambriard sobre o assunto ainda não é conhecida.

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“Continuamos a achar que a Petrobras vai atrás de aquisições e adotar ações para reduzir volatilidade nos preços de combustíveis, mas temos poucas evidências para achar que isso impactará os rendimentos nos dividendos em 2024 e 2025”, afirmam.

O BTG Pactual tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 19 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 13,8% sobre o fechamento de ontem.

‘Incertezas significativas’

A mudança repentina na gestão da Petrobras adiciona incertezas significativas na tese de investimentos da companhia e aumenta percepções de risco dos investidores, diz a XP.

Os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm escrevem que a saída de Jean Paul Prates levantará preocupações dos investidores minoritários sobre o possível risco de interferência do governo na gestão da empresa.

“Os investidores estão particularmente preocupados com conflitos de interesse em temas como distribuição de dividendos, política de preços, planos de investimento, passivos fiscais contingentes e outros”, comentam.

Apesar de a corretora não esperar mudanças significativas nos dividendos e plano de investimentos no curto prazo, as ações da Petrobras devem reagir negativamente à indicação de Magda Chambriard.

A XP tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 45,10, potencial de alta de 10,3% sobre o fechamento de ontem.

Nomeação de Magda Chambriard

As incertezas em torno da Petrobras vão retornar agora que o governo tomou a decisão inesperada de demitir Prates semanas depois dele ter sido reconduzido ao conselho de administração, diz o Bradesco BBI.

Os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka escrevem que a nomeação de Magda Chambriard indica um aumento de investimentos da Petrobras do governo na cadeia logística nacional do petróleo.

“O plano de investimentos da Petrobras pode aumentar em tamanho e escopo. Mas é importante ressaltar que a empresa também deve se utilizar de acordos com outras empresas, como locadoras de embarcações, além de aportes diretos”, comentam.

O banco acredita que as políticas de dividendos e de preços de combustíveis da Petrobras não devem ser alteradas. Para evitar conflitos com autoridades nacionais e internacionais envolvendo a Lei das Estatais.

As ações da Petrobras devem ser penalizadas por conta da mudança. Mas os analistas acreditam que elas se recuperarão gradualmente, assim como aconteceu nas outras vezes quando aconteceram choques políticos.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 47 para as ações preferenciais, potencial de alta de 15% sobre o fechamento de ontem.

Crise com governo

A esperada demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras é uma clara deterioração da governança da companhia e cria riscos em torno da tese de investimentos, diz o Citi.

Os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona escrevem que Magda Chambriard chega sob pressão de implementar e expandir o plano de investimentos da Petrobras. O que pode impactar negativamente a capacidade de pagamento de dividendos.

O banco destaca que a saída de Prates não deve ser encarada como surpresa, uma vez que a crise com o governo já vinha se arrastando por meses. Eles notam que Chambriard é um nome técnico.

O Citi tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 15 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), valor 10,1% menor que o fechamento de ontem.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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