O que pensa Chambriard e o que isso diz sobre o futuro da Petrobras (PETR4)
Ideias da executiva nomeada para suceder Jean Paul Prates põem analistas em alerta, mas espaço para mudanças significativas de curso são limitadas
A repentina indicação de Magda Chambriard para suceder Jean Paul Prates no comando da Petrobras (PETR4) reavivou nesta quarta-feira (15) as preocupações do mercado de que a ingerência do governo federal pode comprometer a governança e a lucratividade da maior empresa brasileira listada na bolsa de valores.
Assim, a troca anunciada na véspera (14), horas após a companhia anunciar resultados trimestrais, chocou o mercado, fazendo as ações caírem até 9% na B3.
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Então, em relatórios analistas salientaram que temas defendidos por Magda podem acrescentar incertezas ao futuro da companhia.
Ex-funcionária da própria Petrobras (1980-2002) e ex-diretora da ANP (Agência Nacional do Petróleo) entre 2012 e 2016, a executiva tem posições firmes sobre questões envolvendo política de preços de combustíveis, exploração de petróleo na Margem Equatorial e conteúdo nacional.
Últimas em Ações
Confira:
Conteúdo nacional
“Se o país não emprega a mão de obra nacional na indústria, no final das contas estará afetando a própria democracia brasileira”.
A questão do conteúdo local é muito mais do que comprar ou deixar de comprar no Brasil.
Existe um bem maior, o bem estar social, que foi pensado no momento de licitação desses projetos.
prazos de reajustes mais longos, em respeito à sociedade.”
Entrevista à Petronotícias, 07/06/2021
Exploração de petróleo na Margem Equatorial
“Não é crível que após 10 anos da oferta pública da Margem Equatorial e décadas de operação na Bacia de Campos, ainda haja impasses técnicos em processos de licenciamento.
Resta clara a existência de questões de natureza geopolítica a resolver, para que os licenciamentos ambientais do país sejam oportunos e tempestivos.
Ou se faz isso agora, ou esse impacto continuará colocando em risco todos os projetos de infraestrutura carentes de licenciamento federal e elevando significativamente o Custo Brasil.”
Coluna para o Brasil Energia, 14/06/2023
Política de repasse de preços dos combustíveis
“O Brasil precisa andar em um lado mais seguro que, ao meu ver, tem a ver com mais lastro, Cide e prazos de reajustes mais longos, em respeito à sociedade.”
Entrevista para a Petronotícias, 07/06/2021
Alocação de capital
“Depois de distribuir todo o lucro do trimestre e buscar RS 30 bilhões no caixa da empresa, a diretoria da Petrobras emite debêntures para reforçar o caixa.
Difícil de entender essa lógica de gestão”.
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Visão de analistas sobre Petrobras (PETR4)
Assim, segundo o BTG Pactual, a nomeação de Magda pode revelar alguma insatisfação do governo com o ritmo de implantação de investimentos da empresa.
Um dos pontos de atenção de analistas na apresentação da Petrobras, na véspera, foi o baixo nível de investimentos no primeiro trimestre.
O plano estratégico 2024-28, anunciado pela companhia no ano passado, previa investimentos de US$ 102 bilhões.
“Acreditamos que um dos principais motivos da saída de Prates é o ritmo de investimentos da empresa”, afirmou o Citi em relatório.
Dessa forma, Magda é defensora de que a Petrobras seja forte também em refino, não apenas em petróleo e gás, como tem sido a orientação nos últimos anos.
Além disso, ela também têm criticado a política recente de alocação de capital da companhia, pagando dividendos.
Dessa maneira, no mês passado, acionistas aprovaram proposta da administração de pagar R$ 36,1 bilhões em dividendos extraordinários referentes a 2023.
Assim, apesar da nomeação de Magda reforçar a percepção de incertezas sobre a companhia, que teve seis presidentes nos últimos três anos, o BTG Pactual considerou que as últimas gestões têm mostrado pragmatismo, equilibrando as demandas do mercado e do governo sobre a empresa.
“A nossa visão inicial sobre Chambriard é positiva”, afirmou o banco em relatório.
Dividendos da Petrobras (PETR4) protegidos?
O Citi ponderou que a Petrobras tem sido consistente no pagamento de dividendos, mas que agora essa diretiva vira uma dúvida.
“A questão premente agora é se os investidores consideram que a Petrobras continua sendo uma opção viável para exposição ao setor na América Latina”, afirmou o banco.
Por outro lado, a companhia ainda é grande geradora de caixa e tem alavancagem financeira sob controle.
Além disso, a governança da empresa e as leis que protegem os minoritários protegem contra riscos de quedas significativas na remuneração.
Assim, o Goldman Sachs sublinhou que a governança estabelecida na Petrobras desde 2016 deve limitar o espaço para Chambriard tomar decisões que mudem significativamente a política de remuneração da empresa.
BTG Pactual e Goldman Sachs seguiram com recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR4).