Fitch corta nota de crédito da Americanas de ‘CC’ para ‘C’, mas poupa shoppings parceiros da varejista

Agência diz que liminar que impede cobrança de dívidas da Americanas não afetará nota de operadoras de shoppings, que têm a varejista entre os maiores locatários

Entrada da Americanas no Shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro - Foto: Divulgação
Entrada da Americanas no Shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro - Foto: Divulgação

A Fitch Ratings cortou a nota de crédito da Americanas em moeda estrangeira e local de “CC” para “C” e a nota de crédito nacional de “CC(bra)” para “C(bra)”. Segundo a agência, o novo rating significa risco de crédito próximo à inadimplência.

Os analistas Gisele Paolino, Renato Donatti e Mauro Storino escrevem que a redução acontece após a Americanas conseguir a decisão liminar na Justiça que suspende vencimento antecipado das dívidas da companhia e exigências de todas as obrigações relacionadas aos instrumentos financeiros.

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“Caso a Americanas anuncie oficialmente um plano de reestruturação, a nota pode ser rebaixada para ‘RD’, em caso de inadimplência restrita, ou ‘D’, se entrar com processo de recuperação judicial”, comentam.

A agência diz que a limitar obtida pela Americanas dá a entender que sua capacidade de cumprir com suas obrigações financeiras foi prejudicada de maneira irreparável.

Os analistas reiteram que a adição dos R$ 20 bilhões em dívidas torna a estrutura de capital da Americanas insustentável e sua flexibilidade financeira é limitada por conta dos danos à reputação.

Shoppings não serão rebaixados

A medida liminar que impede a de dívidas da Americanas não deve afetar a qualidade de crédito das operadoras de shoppings centers brasileiros, afirma a Fitch Ratings.

Segundo a agência de classificação de risco, as empresas sob a sua análise possuem “baixíssima exposição à Americanas em sua estrutura de receita, e uma possível inadimplência do varejista teria um pequeno impacto na geração de caixa dos shoppings”.

No Brasil, a Fitch analisa o crédito das gestoras de shoppings Aliansce Sonae, General Shoppings, Iguatemi e Multiplan.

De acordo com a agência, os aluguéis representam aproximadamente 70%-75% da receita dessas companhias, sendo o restante composto principalmente por estacionamento e serviços.

Porém, os 10 maiores inquilinos dessas gestoras de shoppings representam menos de 20% das suas receitas anuais com aluguel.

“As métricas operacionais e de crédito das empresas não seriam afetadas materialmente se a Americanas não conseguisse arcar com as obrigações de aluguel”, afirma a Fitch.

No sábado (14), uma decisão da Justiça no Rio de Janeiro estabeleceu, entre outras medidas de proteção, a suspensão da exigibilidade de todas as obrigações relacionadas a instrumentos financeiros, como principal e juros da dívida.

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