Na Nestlé, Brasil perde a liderança na América Latina para o México por causa do câmbio
Faturamento em 2021 no México foi de 2,962 bilhões de francos suíços, comparado com 2,925 bilhões no Brasil
As vendas do gigante dos alimentos Nestlé cresceram em ritmo sustentável em 2021, ano em que o Brasil foi superado pelo México como maior mercado da companhia suíça na América Latina na esteira de efeito cambial.
O faturamento da multinacional suíça aumentou 3,3%, alcançando 87,1 bilhões de francos suíços. O lucro líquido aumentou 38,2% para 16,9 bilhões de francos suíços graças à venda parcial da participação na L’Oréal.
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Os fabricantes de bens de consumo enfrentam uma alta de custos de matérias-primas, energia, transportes e mão-de-obra. Como nota a agência Reuters, isso levou a rival Unilever a lançar uma advertência sobre sua rentabilidade, na semana passada, com a companhia tendo dificuldades em aumentar suficientemente seus preços para compensar a alta de custos.
De seu lado, Nestlé absorveu os efeitos da inflação. O grupo aumentou seus preços em 3,1% na média global no último trimestre de 2021. Na zona Américas, a alta de seus preços foi de 3,7% na média no ano como um todo.
“Nosso controle de custos e nossa política responsável de preços nos permitiram limitar os efeitos de uma inflação excepcional”, afirmou o CEO, Mark Schneider. Segundo o executivo, pode-se esperar sem risco de se enganar que o aumento de custos dos insumos para 2022 será superior à alta de 2021 “e é algo que devemos refletir nos nossos preços”.
Globalmente, Nestlé se beneficiou de uma forte demanda por café, alimentos para animais e alimentação dietética, na esteira de mudanças do consumidor e do recurso ao teletrabalho na pandemia de covid-19.
Os maiores mercados do grupo suíço são os EUA, a China, a França, o Reino Unido, e agora o México em quinto, superando o Brasil – pelo menos quando as vendas são transformadas em franco suíço.
O faturamento no México foi de 2,962 bilhões de francos suíços, numa alta de 15,5% comparado ao ano anterior. E no Brasil foi de 2,925 bilhões, com alta de 4,8%.
Conforme um porta-voz de Nestlé, o volume de vendas no Brasil cresceu dois dígitos, refletindo uma forte demanda de chocolates, sobretudo KitKat, produtos para animais da marca Purina, além de Nescafé.
“A evolução da taxa de câmbio foi o principal fator para a mudança no ranking (de maiores mercados da Nestlé). Mas (o Brasil) ainda cresceu quando reportado em francos suíços”, observou o porta-voz.
Pela taxa média de câmbio usada por Nestlé em 2021, o real brasileiro desvalorizou 6,5% comparado à média de 2020. Já o peso mexicano valorizou 2,5%, o que teve efeito no faturamento em franco suíço.
A Nestlé não respondeu sobre os planos de investimentos para o Brasil neste ano.
(Com informações do Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico)