Mercado Livre dobra lucro no 2ºtri, mas Argentina e provisão afetam margem operacional

Analistas já consideravam que um aumento de incertezas do mercado global, com a alta inflação e a piora das condições econômicas na Argentina vinham tornando o cenário mais complexo para a empresa

O Mercado Livre conseguiu, novamente, superar projeções dos analistas no segundo trimestre, em relação a receita líquida e lucro na América Latina, mas sentiu o efeito negativo da operação na Argentina, e das maiores provisões no braço de crédito, em sua margem operacional.

Essa questão da rentabilidade já era uma atenção do mercado nos relatórios de analistas internacionais.

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Hoje, o papel fechou o dia na Nasdaq com recuo de 3,77%, e chegou a cair mais de 4,5%.

Pelo dados publicados nesta noite, as vendas líquidas na região latina subiram 42%, para US$ 5,1 bilhões, e o lucro líquido mais que dobrou, passando de US$ 262 milhões para US$ 531 milhões entre o segundo trimestre de 2023 e de 2024. A operação de comércio eletrônico avançou 53,4%, acima do ritmo da fintech Mercado Pago, que avançou 27,5%.

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As vendas brutas totais (GMV, da sigla em inglês), avançaram 83%.

Segundo consenso da Zacks Investment Research, empresa de análises independentes, a expectativa era de uma receita líquida total menor, de US$ 4,7 bilhões, e um GMV de US$ 12 bilhões, inferior ao reportado.

Em relação a margem operacional, o índice caiu 4,4 pontos, para 14,3%, por conta de pressões na Argentina, diz o balanço, e maiores pressões na unidade de crédito da empresa, por conta do avanço das operações no período, algo que foi parcialmente compensado por maior diluição em despesas operacionais.

Analistas já consideravam que um aumento de incertezas do mercado global, com a alta inflação e a piora das condições econômicas na Argentina vinham tornando o cenário mais complexo para a empresa.

Apesar disso, a margem de lucro líquida avançou, na última linha do balanço, de 7,3% para 10,5%, a maior em oito anos, como reflexo do aumento do lucro líquido. Pesou favoravelmente nessa linha a maior diluição de despesas, que leva a maior alavancagem operacional.

Brasil ajuda no resultado

O Brasil voltou a ajudar nos resultados do Mercado Livre na América Latina no segundo trimestre — o país é pouco mais de 50% das vendas líquidas do grupo.

No Brasil, vendas brutas totais (GMV, da sigla em inglês) subiram 36%, segundo maior crescimento entre os países — foi o maior ritmo de expansão desde o segundo trimestre de 2021. Esse indicador mede as vendas de produtos de lojistas e próprios, ou seja, inclui tudo que passa pela plataforma.

Um ano antes, de abril a junho de 2023, o GMV avançou menos, 25%.

A empresa diz que conseguiu melhores números de GMV na Argentina, após a tomada de medidas que “funcionaram bem”. Naquele país, o GMV subiu 252%.

Com esse nível de crescimento em GMV, é pouco provável que as plataformas locais, que divulgam seus números, como Magazine Luiza e Casas Bahia, consigam superar a empresa.

O Valor apurou que a empresa deve alcançar GMV total de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões neste ano no Brasil.

Em termos de receita líquida, a alta no país foi de 51% de abril a junho.

O Mercado Livre no país cresce ancorado num movimento de mudança de comportamento de consumo, especialmente de cinco anos para cá, com lojas físicas perdendo espaço e uma forte migração da compra para o on-line.

A estratégia tomada desde 2018, de investir para melhorar logística de entrega no país e a interface com o consumidor e com lojistas, também ajudam a explicar o número. Neste ano, “Meli”, como é chamado no mercado, projeta investimentos de R$ 23 bilhões no Brasil, versus R$ 17 bilhões em 2023.

O Brasil foi o principal contribuidor para o aumento na linha de compradores ativos na plataforma de abril a junho, diz a plataforma no resultado.

O total de itens vendidos no país subiu 37%, acima dos 20% apurado um ano atrás e superior aos 32% registrados de janeiro a março de 2024.

O volume total de pagamentos no Brasil, o “VTP”, teve ritmo de expansão quase estável, ligeiramente acima do verificado primeiro trimestre. A alta foi de 32% de abril a junho, versus 31% no trimestre anterior.

Com informações do Valor Econômico

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