O enigma Klabin (KLBN11): comprar, manter ou vender?
O pior ficou para trás, disse diretora de finanças e relações com investidores da Klabin, Gabriela Woge, à Inteligência Financeira
Um negócio resiliente num mercado instável, uma estratégia de longo prazo convincente, porém uma dívida líquida elevada, um histórico animador de execução de projetos e remuneração aos acionistas, mas que já está embutido no preço das ações.
Esse é o momento atual da Klabin (KLBN11), maior produtora e exportadora brasileira de papéis, na visão da maioria dos analistas.
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Nesse sentido, o balanço do primeiro trimestre da companhia, divulgado no último dia 25, não fez senão reforçar o cenário cheio de ‘poréns’ e ‘entretantos’.
Se por um lado a receita líquida de janeiro a março caiu 8% na comparação anual, a companhia respondeu com redução de custos acima do esperado pelo mercado. O saldo foi um resultado operacional, medido pelo Ebitda, 2% menor, em linha com as projeções.
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A alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida sobre Ebitda, subiu a 3,5 vezes, mas isso também já estava nas projeções.
Desde então, a Klabin (KLBN11) teve queda de cerca de 2%. Mas ainda acumula valorização de 6% em 2024.
Para a Klabin (KLBN11) pior ficou para trás
Na visão da companhia tudo parecia mais complicado em 2023. Desde então, a sucessão de aumentos de preços da celulose e dos papéis no mercado internacional indicam que a demanda está finalmente se firmando, após a série de desarranjos logísticos e de mercado provocado por pandemia e guerras.
“O cenário mais desafiador ficou para trás”, disse a diretora de finanças e relações com investidores da Klabin, Gabriela Woge, à Inteligência Financeira.
Além disso, a executiva salientou que a companhia está mais flexível para reagir a revezes no mercado, ao adaptar tanto a produção quanto os destinos dos produtos, como já fez nos últimos trimestres.
Por fim, disse ela, a Klabin (KLBN11) vem conseguindo surpreender o mercado com disciplina de custos. Esse foi, de fato, um expoente da empresa no primeiro trimestre.
Foi um dos pontos que levaram o Itaú BBA a manter a recomendação de compra para a Klabin (KLBN11) ao lado do Santander.
Outros, porém, alertam para o mercado ainda cheio de incertezas, como o de papel ondulado, um dos principais mercados da companhia.
Ciclo pesado de investimentos preocupa
Uma das principais preocupações de analistas é com o peso financeiro do atual ciclo de investimentos da Klabin.
A companhia prevê investimentos totais de cerca de R$ 3,3 bilhões em 2024.
Isso inclui a conclusão de seu projeto mais ambicioso, Puma II, no Paraná, para embalagens kraftliner e papel cartão, de melhor qualidade e de produção mais barata.
De cabo a rabo, o complexo anunciado em 2019 vai consumir orçamento total de R$ 13 bilhões.
Adicionalmente, a companhia avança com os projetos Figueira, um fábrica de papel ondulado em Piracicaba (SP), e Caetê, uma área de 150 mil hectares no Paraná para produção própria de madeira.
Esse ativo, comprado da Arauco por US$ 1,16 bilhão, deve ser pago até o fim deste trimestre.
Com isso tudo, a Klabin (KLBN11) tem calendário de dívidas que equivalem a 3,5 vezes seu resultado líquido de um ano, um teto de endividamento que analistas costumam tolerar.
Isso tem diminuído a proporção do lucro que a companhia vem distribuindo aos acionistas.
Assim, o chamado divivend yield, que foi de 6,8% em 2022, caiu para 5,7% no ano passado e deve diminuir a 5,3% em 2024.
Porém (olha ele de novo), a companhia aponta para o prazo médio da dívida de oito anos, e o custo da dívida (5,7% em dólar), como índices saudáveis.
Em resumo…
Ou seja: a Klabin faz um trabalho robusto para a sustentabilidade do negócio no longo prazo.
Pelo sim, pelo não, a maioria dos analistas neste momento avalia que vale a pena esperar um momento melhor para entrar na ação. Mas quem está, deve ficar.
De 11 analistas que acompanham o ativo, oito têm recomendação de manutenção, enquanto dois sugerem compra e, um, venda, segundo o WSJ Markets.
Foi esse o tom de relatórios de casas de análise como BTG Pactual e Bank of America após o resultado da companhia no primeiro trimestre
“Reconhecemos a qualidade dos ativos da Klabin (…) no entanto, à luz do seu recente desempenho superior em comparação com a Suzano e das últimas atualizações corporativas (em termos de investimentos e custos), fizemos uma pausa tática”, afirmou a equipe do BTG em relatório, mantendo recomendação neutra para KLBN11.