Joias raras: Os melhores BDRs para investir ainda em 2023 e ‘abaixo do radar’ do mercado

Para além de Apple e Microsoft: quais são os melhores BDRs para investir na B3 de empresas consideradas 'jóias raras´ no cenário externo

Monitor exibe movimento do mercado financeiro nos Estados Unidos. Foto: Seth Wenig/Associated Press/Estadão Conteúdo

Apple, Microsoft, Google, Meta; todo investidor brasileiro que se preocupa em diversificar suas aplicações já ouviu falar das big techs norte-americanas como porto-seguro. Mas os melhores BDRs nem sempre são os mais seguros dentro da bolsa brasileira. Há papéis descontados no exterior com alto potencial de valorização e que podem ser considerados ‘joias raras’.

O consenso é que a carteira dos melhores BDRs precisa de ‘zagueiros e atacantes‘: ações capazes de aproveitar o momento dos altos juros e inflação persistente nos Estados Unidos em contrapeso com setores de maior valor, como as big techs.

Inscreva-se e receba agora mesmo nossa Planilha de Controle Financeiro gratuita

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

Abaixo, analistas recomendam as melhores ações de empresas estrangeiras negociadas na bolsa. E quem está abaixo do radar do mercado.

Quais são os melhores BDRs negociados na B3?

As big techs dominam a carteira do investidor brasileiro em BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Ações como as da Apple, Tesla e Amazon têm volumes significativos no pregão diário do índice de BDRs da Bovespa, o BDRX.

Em 2023, o BDRX subiu 16,78%. Foi o melhor desempenho entre índices da bolsa de valores e ficou apenas atrás do Bitcoin (BTC) em retornos para o investidor, aponta a plataforma TradeMap.

Dentre o cardápio de ações de empresas de tecnologia no exterior, João Piccioni, analista da Empiricus Research, afirma que a melhor opção seria a Alphabet (GOGL34), a holding do Google. Isso porque as ações estariam descontadas em relação a outras big techs.

Em sua análise, Piccioni afirma que a Alphabet mostrou reaceleração com a receita do segmento de publicidade digital no exterior, dominado pelo Google Ads. “Além disso, a empresa se recuperou na corrida por ferramentas de Inteligência Artificial com o lançamento mundial do Bard” aponta. É o trunfo da Alphabet contra o ChatGPT da Open AI, no qual a Microsoft investe.

“Em termos qualitativos, não dá para fugir das big techs“, afirma o analista. Por mais que estejam precificadas à perfeição, ainda são porto-seguro para investidores do Brasil”.

A Empiricus também recomenda os BDRs de Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34), e Meta (M1TA34).

Por outro lado, na visão de Leonardo Otero, sócio da gestora Arbor Capital, os ganhos com as big techs vem de depreciações que o mercado aplica às ações pelo “medo de disrupção”.

O gestor explica:

“O mercado se apega ao risco de disrupção. Ou seja, de que as empresas de tecnologia serão furadas por um concorrente. Falava-se muito, por exemplo, de que o TikTok iria causar uma disrupção no Instagram.”

Leonardo Otero, da Arbor Capital

BDRs de Pfizer e BlackRock estão entre os preferidos

Além do setor de tecnologia, os BDRs de farmacêuticas e do setor financeiro ganham destaque dentro da carteira do S&P 500, índice que reúne as 500 empresas mais valiosas dos EUA.

Para William Lee, co-head da área de Investimentos Internacionais da InvestSmart XP, as empresas estrangeiras do ramo médico ganharam ainda mais destaque após a pandemia. Essas empresas têm planos para aumentarem os investimentos em pesquisas e devem, sobretudo, se beneficiarem com o avanço do envelhecimento na população mundial.

Para o executivo da InvestSmart, os melhores BDRs do setor de saúde no exterior são os de Pfizer (PFIZ34), UnitedHealth Group (UNHH34) e Merck & Co. (MRCK34).

“Por fim, o setor financeiro americano contempla as maiores gestoras do mundo, que possuem trilhões sob custódia. Como é o caso da BlackRock (BLAK34), JP Morgan (JPMC34) e Charles Schwab (SCHW34)”, diz Lee.

Ainda dentro do setor de finanças, BDRs de empresas de pagamento como a Visa (VISA34) são as “zagueiras” na carteira do investidor, argumenta Otero, da Arbor Capital. São papéis de retaguarda que protegem contra a volatilidade, como o setor de construção e varejo.

Quais são as ‘joias raras’ entre os BDRs?

Fora do radar dos BDRs mais negociados da Bovespa, o investidor pode encontrar oportunidades de empresas que têm muito a entregar dentro de seus respectivos setores.

A exemplo de eventuais surpresas, o BDR que mais se valorizou em 2023 foi o da fabricante de componentes para computadores NVIDIA (NVDC34), com alta de 177%.

Na Empiricus Research, a carteira de BDRs contém as ações da AMD (A1MD34), rival da NVIDIA, negociadas na B3. A concorrente também surfa a onda da Inteligência Artificial.

“Também achamos que o ciclo de semicondutores já deixou o pior momento para trás, quando bateu o piso devido à escassez”, explica Piccioni. “As empresas suspenderam boa parte nos investimentos no ano passado, até em pessoa física. Mas observamos uma volta à naturalidade quando você olha os números da AMD.”

Outro coringa dos BDRs que se encaixa na mesma tese é a TSMC (TSMC34), maior fabricante de semicondutores do mundo. “Se você pensa que a tendência é ter uma economia cada vez mais digital, não tem como a TSMC não crescer“, afirma Otero.

Na previsão da Arbor, as ações da forjadora devem subir, em média, 20% ao ano nos próximos 5 anos. “O upside dos papéis é de 70%”, completa o gestor.

Plataforma de hotéis e fabricante de furadeira

Outro papel que entra como ‘joia rara’ entre os melhores BDRs é o da plataforma de hospedagem, Booking (BKNG34).

A Arbor e a Empiricus Research estão de olho no ativo da empresa listado no Brasil, que já subiu 32% em 2023. Para Piccioni, as ações da plataforma são beneficiadas pela “robustez da economia americana” e pelos aumento dos gastos dos americanos no consumo de lazer e serviços durante o verão na Europa e nos EUA.

Enquanto uma ação da Booking vale US$ 2.884.92, o BDR da empresa custa R$ 73,93. O preço-alvo da Empiricus para a ação é de US$ 3.200.

Outro ás na manga dos BDRs é de um setor mais arriscado, mas que faz parte de uma tese de “value investing”, afirma Piccioni. Trata-se da empresa fabricante de ferramentas Stanley Black & Decker (S1WK34).

“A B&D cresceu muito bem durante a pandemia. As vendas avançaram brutalmente durante o período em que as pessoas estavam dentro de casa e queriam fazer mudanças no lar. Com a reabertura, o segmento deu uma desaceleração muito grande. Ações da empresa caíram 60%”, diz o analista.

Mas a empresa ganhou fôlego com capital de giro e gestão de caixa, o que parece ter animado o mercado. As ações na NYSE estão em alta de 32% em 2023, assim como o BDR aqui no Brasil, com ganhos de 29%.

Quais os riscos de investir em BDRs?

Investir em BDRs tem seus próprios riscos, especialmente em papéis estrangeiros com baixa liquidez nos pregões brasileiros.

Por exemplo, o investidor pode se deparar com a defasagem de cotação entre a ação negociada lá fora e o BDR. No caso dos BDRs que estão debaixo do radar do mercado financeiro, como o da Booking e da Black & Decker, a movimentação dos papéis é, em sua maioria, dos investidores institucionais.

“No caso dessas ações, o investidor pessoa física tem que pagar um preço (cotação) muito acima pelos BDRs. Esse diferencial de preço, normalmente, é muito maior que a rentabilidade do papel lá fora. Aí o investidor sai prejudicado”, diz Piccioni.

Com os BDRs mais líquidos da B3, esse risco é significativamente menor.

O investidor pessoa física não tem acesso ao mercado institucional de venda e compra dos EUA, ou seja, à arbitragem de quem negocia os papéis, como bancos de investimento, comenta Leonardo Otero, da Arbor. “O investidor institucional de um fundo acompanha o preço justo e não sofre com o spread entre a ação e o BDR. Mas, de qualquer forma, os benefícios de comprar um BDR compensam esses obstáculos”, conclui.

Lee, da SmartInvest, diz que outro risco é de que “a cobertura de análises para essas empresas estrangeiras ainda é precária em relação com a cobertura de empresas locais”.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS