Itaú: Lucro líquido recorrente avança 7,1% no 4º tri para R$ 7,6 bilhões; ROE fica em 19,3%
Banco reforçou em R$ 719 milhões seu provisionamento (PDD) com Americanas
O Itaú Unibanco, maior instituição financeira da América Latina, reportou um lucro líquido recorrente de R$ 7,668 bilhões no quarto trimestre de 2022, uma alta de 7,1% na comparação com o mesmo período de 2021. No período, o ROE (retorno sobre o patrimônio) ficou em 19,3%.
No acumulado do ano, o banco obteve um resultado recorrente gerencial de R$ 30,8 bilhões – o maior de sua história, um avanço de 14,5% ante 2021, e um ROE gerencial de 20,3%, 1 ponto percentual acima do ano anterior.
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Provisões de perdas com Americanas (AMER3)
Sem citar o nome “Americanas”, o Itaú afirmou no comunicado que fez um reforço na Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PDD) para cobrir 100% da exposição, gerando um impacto de R$ 719 milhões no resultado recorrente.
“No quarto trimestre de 2022, reconhecemos em nossas demonstrações os impactos provenientes de evento subsequente à data do fechamento relacionado a um caso específico de empresa de grande porte que entrou em recuperação judicial”, apontou.
Custo do crédito
O banco apontou também que o custo do crédito, que inclui a despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD), totalizou R$ 32,3 bilhões no ano de 2022, alta de 59,6% quando comparado ao ano de 2021, em razão principalmente da maior despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa nos negócios de varejo no Brasil.
“O crescimento do custo do crédito no quarto trimestre aconteceu nos negócios de atacado no país. Esse crescimento ocorreu em razão de um evento subsequente relacionado a um caso específico do segmento de grandes empresas, que teve impacto de R$ 1,3 bilhão no trimestre em nosso custo de crédito”, completou o comunicado.
Por isso que o resultado divulgado ficou aquém das projeções do mercado levantadas pela IF, que projetavam lucro líquido recorrente na casa dos R$ 8,2 bilhões e ROE entre 20% e 21%.
Carteira de Crédito
A carteira de crédito cresceu em todos os segmentos no Brasil: 20,1% em pessoas físicas, 10,6% em micro, pequenas e médias e 9,9% para as grandes empresas. O volume final ficou em R$ 1,141 trilhão.
Inadimplência
O índice de inadimplência fechou o quarto trimestre em 2,9%, valor 0,4 ponto percentual acima do mesmo período de 2021 e 0,1 p.p. a mais do que no terceiro trimestre.
Sobre o resultado
“Antecipamos o atual ciclo de crédito, diversificamos nossos portfólios e calibramos nossa exposição. Ao mesmo tempo, continuamos a consolidar nossa transformação cultural e digital, o que tem sido fundamental para os resultados conquistados pelo Itaú Unibanco nos últimos trimestres. Esse conjunto de ações se reflete na nossa capacidade de continuar crescendo de forma sustentável, gerando valor para os nossos clientes e investidores”, afirmou o presidente do banco, Millton Maluhy Filho.
Segundo o banco, entre os fatores que mais influenciaram os resultados do trimestre estão o crescimento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo efeito positivo do crescimento da carteira, associado à gradual mudança do mix para créditos relacionados ao segmento do varejo.
“Também contribuiu para os resultados o aumento das receitas de prestação de serviços e seguros em razão do maior faturamento na atividade de cartões, tanto em emissão quanto em adquirência e dos maiores ganhos com administração de recursos”, completou o comunicado.
Maluhy falou também que a entrega da melhor experiência para os clientes, “aliada à excelência na gestão de riscos, foram determinantes para os resultados consistentes de 2022 e para iniciarmos 2023 muito bem-posicionados. Antecipamos o atual ciclo de crédito, diversificamos nossos portfólios e calibramos nossa exposição”, disse.
Meios digitais
O relatório afirmou que a relevância dos meios digitais na atração e atendimento dos clientes do banco seguiu em ascensão, e que em 2022, 70% das contratações de produtos por pessoas físicas foram realizados digitalmente, um crescimento de 14 pontos percentuais na comparação com 2021.
Receitas
As receitas de serviços e seguros cresceram 7,8% em 2022 em comparação com 2021, impulsionadas pela expansão das receitas com cartão de crédito e débito, tanto em emissão quanto em adquirência, alta em administração de recursos, aumento nos prêmios ganhos de seguros e nas receitas de capitalização.
As despesas não decorrentes de juros alcançaram R$ 54,6 bilhões em 2022, com aumento de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O índice de eficiência acumulado de 12 meses foi de 41,2% e de 39,1% no Brasil, ambos no menor patamar da série histórica.
Guidance
Pouco antes de soltar as demonstrações financeiras no site da CVM, o Itaú divulgou seu guidance para o ano de 2023, no qual projeta que a carteira de crédito terá expansão entre 6% a 9% neste ano.
A margem financeira com clientes crescerá entre 13,5% e 16,5%. A projeção é de que a margem financeira com o mercado esteja entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões no consolidado.
Para o custo de crédito, a estimativa ficou entre R$ 36,5 bilhões e R$ 40,5 bilhões. No caso da receita de prestação de serviços e resultado de seguros o banco espera expansão entre 7,5% a 10,5% no consolidado.
As despesas não decorrentes de juros devem aumentar entre 5% e 9%. Por fim, a alíquota efetiva de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) deve ficar entre 28,5% e 31,5%.