Ibovespa opera em baixa com política no foco; Fleury salta 15% com acordo de fusão

Na mínima do dia, índice chegou a testar o patamar dos 97 mil pontos

Negócios na Bolsa de Valores. Foto: Divulgação/B3
Negócios na Bolsa de Valores. Foto: Divulgação/B3

Com o mercado externo persistentemente pressionado por temores de recessão e ruídos políticos e fiscais tirando a visibilidade do mercado doméstico, o Ibovespa amplia seu movimento de queda nesta quinta-feira tendo tocado o patamar dos 97 mil pontos nas mínimas intradiárias. Na ponta positiva do índice, Fleury ON dispara com o acordo de fusão com Hermes Pardini.

Às 13h, o Ibovespa tinha queda de 0,79%, aos 98.835 pontos, tocando os 97.758 pontos na mínima intradiária e os 99.619 pontos na máxima. O volume financeiro negociado até o momento foi de R$ 8,3 bilhões, com projeção de alcançar um giro de R$ 19,9 bilhões ao fim do dia. No exterior, o S&P 500 cedia 0,70%, Dow Jones perdia 0,81% e Nasdaq tinha queda de 0,92%.

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Nos Estados Unidos, o núcleo do Índice de Preços com Consumo (PCE) divulgado pela manhã avançou 4,7% nos últimos 12 meses, contra um consenso de 4,8%. O problema, na visão dos investidores, é que o consumo da população, grande força motriz da economia americana, recuou pela primeira vez no ano em maio, indicando que a recessão pode estar mais próxima do que o esperado.

No Brasil, agentes analisam o Relatório Trimestral de Inflação de junho. De acordo com as estimativas feitas pelo Banco Central (BC) no documento, a probabilidade de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminar 2022 abaixo do piso da meta é 0% e de ficar acima do teto é 100%. Para 2023, a chance de ficar abaixo do piso é 5% e a de ficar acima do teto é 29%. Para 2024, a chance de ficar abaixo do piso é 19% e a de ficar acima do teto é 10%.

O mercado também permanece com os olhos voltados para Brasília, onde o Senado vota a “PEC dos Combustíveis”, que deve ter impacto fiscal da ordem de R$ 38 bilhões fora do teto de gastos. A leitura dos agentes financeiros é que, ainda que o gasto possa ser absorvido no curto prazo, a credibilidade da âncora fiscal do país fica ainda mais deteriorada após o episódio, o que pode exigir mais prêmio de risco dos ativos locais diante da proximidade do processo eleitoral.

“Não tem fluxo para Bolsa, só para renda fixa. É uma tempestade perfeita com o fiscal pesando localmente, refletindo o momento de fraqueza do mercado, e o exterior piorando. A próxima etapa é a iminente revisão nos lucros das empresas, que deve fazer o mercado se posicionar no seu real preço”, diz Flávio Aragão, sócio da gestora 051 Capital.

Entre as “blue chips” do Ibovespa, havia queda generalizada. Vale ON perdia 2,64%, CSN ON recuava 4,73%, Usiminas PNA perdia 2,66% e Gerdau PN caía 2,85%. Petrobras ON e PN cediam 1,10% e 0,89% e, entre os bancos, Itaú PN baixava 1,26%, Bradesco PN recuava 1,48%, Santander units declinava 0,85% e Banco do Brasil ON tinha desvalorização de 0,39%.

Na outra ponta, Fleury ON saltava 15,88% após assinar acordo com o Hermes Pardini para possível fusão. Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), acionistas do Hermes Pardini receberiam R$ 2,154 mais 1,2135 ação da Fleury por papel. As companhias estimam que a combinação dos negócios deve gerar um aumento no Ebtida anual da empresa combinada entre R$ 160 milhões e R$ 190 milhões.

Para o Credit Suisse, a fusão é positiva, com potenciais sinergias em despesas gerais e administrativas combinadas de cerca de R$ 600 milhões por ano. O analista Maurício Cepeda escreve ainda que as duas empresas possuem complementaridade geográfica. Ele destaca que o Fleury deve desembolsar cerca de R$ 273 milhões para o componente caixa.

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