Dividendos da Petrobras (PETR3;PETR4) ou Vale (VALE3) em 2024: Entenda o que vem pela frente
Liderança da Petrobras nos dividendos do Ibovespa pode encurtar em relação à Vale, 2ª melhor pagadora, dizem analistas
Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3) são as duas empresas do Ibovespa que mais pagaram dividendos em 2023. A petroleira estatal, líder do ranking de proventos, chegou a repassar R$ 49 bilhões até novembro, mas deve perder força em 2024, dizem analistas. O bode expiatório: o preço do petróleo, que teve alta no terceiro trimestre, vem despencando no cenário internacional.
A liderança de dividendos para a Petrobras na bolsa pode diminuir em relação à Vale. Em um movimento quase oposto ao do petróleo, o minério de ferro vem subindo e impulsionando o papel na bolsa de valores. Especialistas estão mais otimistas para dividendos de Vale (VALE3).
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Dividendos de Petrobras: o que esperar da empresa em 2024?
O mercado espera uma contenção dos dividendos da Petrobras (PETR3;PETR4) para 2024. Nesse sentido, a proporção de proventos repassados em relação ao valor da ação deve se manter nos níveis atuais de 10%. Esta é a estimativa da corretora Órama Investimentos.
O papel atingiu uma “zona de lateralidade”, segundo a corretora, no último trimestre, após o estresse do mercado com as mudanças no estatuto da companhia para eleição de membros do conselho de administração. A alteração, que permite indicações políticas ao conselho, foi aprovada pela Assembleia Geral Extraordinária da companhia. A empresa aguarda uma manifestação do Tribunal de Contas da União (TCU) para efetivar as mudanças aprovadas.
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O período coincide com a queda do barril Brent: desde setembro, a unidade despencou de US$ 89 para US$ 79.
Na análise de Yallon Mazuti de Carvalho, analista-chefe da Box Asset, a desconfiança do investidor aumentou desde o episódio. A história tende a se repetir daqui para frente, afirma Carvalho, considerando que o governo vigente apresenta uma meta de déficit zero em 2024.
“Se não houver interferência no governo, Petrobras pode voar, mas é difícil não haver mudanças do governo na empresa”, afirma o analista. Para ele, o preço do barril somado ao risco pode levar a ação à queda na bolsa.
O resultado financeiro da empresa e, portanto, os dividendos, podem ser prejudicados. Inclusive, caem as chances de proventos extraordinários. Pelo menos essa é a avaliação de Phill Soares, analista-chefe da Órama.
“Os preços do petróleo devem continuar pressionados devido a um corte menor que o esperado por membros da OPEP. Com relação aos dividendos, teremos um reajuste negativo”, completa Carvalho.
Ano da Petrobras será de investimento, e não de dividendos
De acordo com Alexandre Mathias, CEO da Kilima Asset, ainda há a perspectiva de “investimentos alternativos” interferirem nos dividendos da Petrobras (PETR3;PETR4). “A parte operacional da companhia vai continuar voando, porém, tem menos chances de distribuir vultosas quantidades de dividendos. O risco de investimentos alternativos, por outro lado, parece estar crescendo”, nota Mathias.
Por outro lado, a Órama acredita que o ponto fraco de governança pode ser compensado pela alta de produtividade da companhia no ano que vem.
“Vemos um papel com manutenção de preços”, afirma Phill Soares, analista-chefe da corretora. Dentro de suas previsões, a Órama antecipa uma margem de dividendos por ação (dividend yield) de 10% a acionistas de Petrobras.
O nível de investimento operacional deve levar a Petrobras “a continuar como boa pagadora de dividendos, mas em menor nível que em anos anteriores”, segundo Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. A recomendação da corretora para Petrobras PN (PETR4) é de compra.
Dividendos de Vale (VALE3): ano deve ser melhor para mineradora
Analistas do mercado financeiro estão, em geral, mais otimistas quanto às ações da Vale (VALE3) e dividendos da empresa. Com isso, a companhia pode aumentar a sua margem de proventos e diminuir a distância em relação aos dividendos de Petrobras.
Um consenso apurado pela Inteligência Financeira é de que 2024 deve apresentar um cenário mais favorável para a mineradora do que os desafios impostos neste ano. O minério de ferro, que inibiu o crescimento da mineradora no primeiro semestre de 2023, deve manter-se em alta pelos próximos 12 meses.
No segundo semestre, o contrato de minério de ferro para janeiro de 2024 saltou de US$ 101 para US$ 130 por tonelada. Especialistas creem que a commodity deve oscilar próximo da faixa de US$ 120 no ano que vem.
Para Pedro Galdi, analista-chefe da Mirae Asset, as ações da Vale tem espaço para subir 10% com uma melhora no cenário de minério de ferro. Para a Box Asset, o preço-alvo de Vale (VALE3) é de R$ 93, acima do patamar de R$ 75, atualmente negociado pelo papel.
Mas Galdi espera uma queda no valor dos dividendos de Vale, apesar da alta da ação. “O yield deve se manter em 10%, ainda bom para acionistas”, diz o analista.
Recompras de ações podem levar DY da Vale (VALE3) a 13%
Conforme projeções da Kilima Asset e da Quantzed, a previsão é de que a Vale entregue dividendos 12% a 13% correspondentes para cada ação em 2024. A estimativa considera o programa de recompra de ações de Vale (VALE3) para o ano que vem.
A Quantzed observa que a mineradora deve manter programas de recompra de ações “de forma consistente” pelos próximos meses. “Vemos a ação com bons olhos porque é uma ação defensiva para se ter em uma carteira com alta exposição ao mercado interno, uma espécie de ‘hedge'”, explica Leonardo Piovesan, analista da Quantzed.
“É uma boa ação para compensar a queda do CDI, por exemplo”, conclui. A Vale prevê em sua política de dividendos o repasse de 30% do caixa operacional (EBITDA) para acionistas. Em seu “dia do investidor”, a mineradora se comprometeu a manter o payout de 46% do lucro líquido nos próximos anos.