Lucro maior, fake news, bets e mais: o que disse o CEO do Bradesco (BBDC4) após o balanço do 3º trimestre
Marcelo Noronha indicou lucro de 2024 acima das expectativas, mas as ações do banco exibiam queda firma na bolsa
O Bradesco (BBDC4) indicou nesta quinta-feira (31) que a tendência de crescimento do lucro deve prosseguir nos próximos trimestres, mesmo num cenário econômico mais desafiador.
“Esperamos um lucro um pouco maior do que está contabilizado no guidance“, disse a jornalistas o presidente-executivo do banco, Marcelo Noronha. Ele participou de teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre da instituição financeira.
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Mais cedo, o banco reportou lucro líquido de R$ 5,22 bilhões de julho a setembro, resultado levemente acima da projeção do mercado.
Apesar disso, a reação não foi boa: BBDC4 fechou em queda de 4,4% na B3.
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Embora o banco não divulgue previsão específica para lucro, a combinação de outros números faz a média do mercado prever que esse lucro em 2024 seja ao redor de R$ 19 bilhões.
Nos primeiros nove meses do ano, o Bradesco lucrou R$ 14,15 bilhões, 5,5% a mais do que um ano antes.
Essa melhora refletiu principalmente a combinação de crescimento do crédito com baixa inadimplência.
De um lado, a carteira de empréstimos do Bradesco subiu 3,5% entre julho e setembro, a R$ 944 bilhões.
Isso significa que o banco foi na contramão do rival Santander Brasil (SANB11), cujo estoque de empréstimos até diminuiu 0,2% nesse intervalo.
Bradesco (BBDC4): calotes em queda reduzem despesas
Noronha salientou que o crescimento do crédito no Bradesco acontece de forma cuidadosa, com a maior parte das operações tendo garantia.
Além disso, o executivo previu que o índice de inadimplência acima de 90 dias seguirá caindo nos próximos trimestres.
Após ter atingido o pico de 6,1% em setembro de 2023, esse indicador caiu pelo quarto trimestre seguido, chegando a 4,2% no fim do mês passado.
“Ainda vejo novas quedas da inadimplência, mas num ritmo menor”, afirmou o presidente do Bradesco.
Isso permitiu ao banco reduzir fortemente as despesas para fazer frente a prejuízos com calotes.
De fato, a provisão para devedores duvidosos (PDD) entre julho e setembro, de R$ 7,1 bilhões, foi 22,4% menor do que um ano antes.
Assim, a chamada PDD ampliada tende a ficar abaixo dos R$ 30 bilhões no ano, abaixo do que o próprio Bradesco esperava: de R$ 35 bilhões a R$ 39 bilhões.
A expectativa do executivo é de que esse conjunto contribua para melhora da rentabilidade sobre o patrimônio (ROE), que mede como um banco remunera o capital dos acionistas.
De julho a setembro, esse índice do Bradesco subiu 1,1 ponto ano a ano, a 12,4%. A questão é que ele ainda está muito abaixo da média dos principais concorrentes.
Em relatório, o BTG Pactual ponderou que a perspectiva mais desafiadora para o crescimento das receitas com crédito, dado o aperto dos spreads de empréstimos, “pode decepcionar aqueles que esperam uma recuperação mais rápida do ROE.
Bets, arcabouço e fake news: o que mais disse o CEO do Bradesco
Na teleconferência, Noronha também admitiu que o banco está preocupado com o maior risco de inadimplência de clientes devido à explosão das bets, os sites de apostas esportivas.
“É uma variável negativa”, afirmou o executivo. Ele comentou que o Bradesco está fazendo uma pesquisa para avaliar o assunto.
Em outra frente, o CEO chamou de fake news os rumores de semanas atrás sobre eventual interesse dos controladores da JBS (JBSS3) em comprar o banco.
“Fake news a gente trata com advogado criminalista”, disse Noronha.
Por fim, o chefe do Bradesco (BBDC4) considerou positivas as sinalizações do governo federal de fazer um ajuste fiscal.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o governo prepara mais medidas para cumprir a meta de déficit fiscal zero em 2024.