Caixa da Vale (VALE3) estará mais restrito para dividendos extraordinários, diz Gustavo Pimenta
Dividendos devem enfrentar 'caixa restrito' por pagamento de dívidas líquidas, diz Gustavo Pimenta, CEO da Vale (VALE3)
Os próximos dois anos devem ser “mais restritivos” para o pagamento de dividendos da Vale (VALE3), afirma Gustavo Pimenta, CEO da mineradora. Para o presidente executivo, a imposição para dividendos extraordinários seria o uso do caixa da companhia para a diminuição de endividamento líquido. “O caixa vai ser bastante restrito, dependendo do minério de ferro”, afirma Pimenta.
Por outro lado, o CEO da Vale diz que a companhia continua focada em realizar distribuições de dividendos extraordinários. “Temos focado em remunerar acionistas incrementalmente. Vemos um período mais restrito para os próximos dois anos, mas, depois, vamos voltar à normalidade”, comentou.
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Dívida líquida é entrave de dividendos, diz CEO da Vale (VALE3)
Apesar de elencar dificuldades para pagar dividendos extraordinários, Pimenta ressaltou que a Vale (VALE3) possui um “fluxo de caixa livre constante” para pagar proventos.
Pimenta, assim como outros diretores da Vale, compareceram ao dia dos investidores da mineradora em Nova York nesta terça-feira (3).
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Sem antecipar o futuros dividendos, o CEO da Vale afirmou que o fluxo de caixa deve ser “restrito” para os próximos dois anos porque a companhia deve pagar obrigações referentes ao acordo de Mariana.
Em outubro, a mineradora chegou a um acordo com o governo federal, estados de Minas Gerais e Espírito Santo, ministérios públicos Federal e estaduais e defensorias públicas. A Vale concordou pagar cerca de R$ 170 bilhões para indenizar danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, localizada em Mariana (MG).
Assim, a Vale deve pagar R$ 100 bilhões ao governo federal em parcelas ao longo de vinte anos. Outros R$ 32 bilhões correspondem a obrigações da Samarco. Os valores somam-se aos R$ 38 bilhões já desembolsados pela Vale.
Renovação de concessões de ferrovias ‘está avançada’
A discussão da Vale com o governo federal para renovar concessões ferroviárias, principalmente com o Ministério dos Transportes, cuja chefia é de Renan Filho, “está avançada”. Isso segundo Pimenta.
De acordo com o presidente-executivo, a Vale mantém otimismo para fechar a renovação em 2025 ainda no primeiro trimestre do próximo ano.
O pagamento de dividendos “vai depender” do potencial do mercado de minério de ferro, elenca o CEO da Vale.
‘Vale está extremamente subvalorizada’, diz novo CFO
Marcelo Bacci, recém-chegado ao cargo de diretor-executivo de finanças da Vale após deixar a Suzano, afirmou que a mineradora está “extremamente subvalorizada” no mercado financeiro. Isso segundo os múltiplos da empresa considerando o valor de mercado por lucro operacional (Ebitda).
Hoje, a Vale negocia a um múltiplo de EV/Ebitda de quase quatro vezes. Ou seja, o valor de mercado dela equivale a aproximadamente 25% do lucro operacional. É abaixo do múltiplo de concorrentes internacionais, como a BHP.
Assim, a entrada de Bacci na Vale seria um movimento de tentar diminuir essa desvantagem.
“Temos que equilibrar três pilares: o da commodity, alocação e distribuição de capital e reduzir custos”, afirma o CFO.
“Além disso, precisamos de uma folha de balanço que nos proteja de ciclos econômicos”, continuou.
Um dos caminhos para diminuir a diferença em múltiplos, disse o CFO da Vale, seria justamente pelo pagamento de dividendos.
“A Vale está extremamente subvalorizada em diversas dimensões, tanto nos múltiplos e na geração em caixa. São incompatíveis com a valorização que temos hoje. Temos que fechar esse gap“, concluiu Bacci.